ALESINA, Alberto e GIAVAZZI, Francesco, O Futuro da Europa. Reforma ou Declíneo, Lisboa, Edições 70, 2007, 234 págs. ca. 17 euros
Um texto a favor da liberalismo que coloca questões pertinentes.
"Para a Europa o problema é como conceber sistemas de apoio social fiscalmente solventes e que não criem distorsões políticas e económicas" (p. 51)
"A questão mais imediata é como reorganizar um sistema de leis de protecção de trabalho que não desincentivem o emprego, tanto da lado da oferta (os trabalhadores) como do lado da procura (as empresas) que dêem segurança aos trabalhadores e não aumentem constantemente o desemprego. Como fazer isto" (p. 86)
"Em vez de aceitarem a competição, os legisladores europeus continuaram a tentar melhorar as suas universidades produzindo novas regras com o intuito de corrigirem os defeitos das regras anteriores. Não é assim que as coisas mudam." (p.110)
Do capítulo 7 "Contra a liberalização":
"Porque os políticos europeus pensam poder resolver a maioria dos problemas da indústria, a Europa não tem forte tradição de agências reguladoras independentes. Os reguladores independentes suficientemente fortes para resisitrem à pressão do governo e imporem sanções ao comportamento anti-concorrência, são instituições desconhecidas para a maioria dos governos europeus. De facto, na maioria dos países, a responsabilidade da política de concorrência está ainda nas mãos dos departamentos governamentais e sujeita às instruções dos políticos. O resultado é o desenvolvimento de monopólios e de outras formas de protecção.
Alguns políticos são "capturados" pelas empresas que eles deviam controlar. A teoria de captura regulatória, explicada nos anos 70 por George Stigler (...) que lhe permitiu ganhar o prémio Nóbel em 1997, afirma que os reguladores públicos acabam por se identificar com as empresas que supostamente deveriam regular, por isso perdem de vista o apoio social geral dos cidadãos que servem." (p. 129)
"Haverá maneira de enfraquecer a oposição da indústria? E se um governo, em vez de combater uma indústria de cada vez, provocasse um big bang económico e liberalizasse todos os mercados ao mesmo tempo?" (p. 131)
"(...) a coordenação é boa em algumas áreas mas não é «boa por definição» em todas as áreas da política económica" (p. 201)
S/ o euro:
"A adopção do euro criou, de facto, um impeto por maior integração europeia, que podia e devia ter sido mais bem usado numa única área: a criação de um verdadeiro mercado único para bens e serviços, incluindo intermediários financeiros. Os governos europeus foram lentos nestas áreas e alguns até recuaram. Entretanto a Comissão Europeia usou o euro como justificação para promover a integração numa variedade de áreas onde a integração não é necessária ou é até prejudicial." (p. 201)
S/ a necessidade de reformas no domínio dos mercados:
"Em Portugal a situação económica está a ficar cada vez mais difícil e as soluções não são imediatamente óbvias. Impulsionados por um boom consumista após a entrada na zona euro e pela queda das taxas de juro, os salários nominais portugueses subiram um total de 30% em sete anos. A inflação consumiu dois terços desta subida mas, ainda assim, os salários reais cresceram quase 10%. Como a produtividade não aumentou, este crescimento dos salários reais traduziu-se num aumento de custos de unidade trabalho" (p. 203).