11/11/2009

PSICOLOGIA 6


ROGERS, Carl, Tornar-se Pessoa. Lisboa: Padrões Culturais Editora, 2009 (ca. 470 pp. e 14 euros)

“Observando os pacientes cuja experiência de vida tanto me ensinou, descobri que esses indivíduos se tornavam cada vez mais capazes de confiar nas suas reacções «organísmicas» totais perante uma nova situação porque foram progressivamente descobrindo que, se estivessem abertos à sua experiência, se fizessem o que sentiam que seria bom fazer, essas reacções revelar-se-iam como um guia competente e digno de confiança do comportamento que realmente satisfaz” (p. 224)

“aquilo que há de único e de mais pessoal em cada um de nós é o mesmo sentimento que, se fosse partilhado ou expresso, falará mais profundamente as outros. Isto permitiu-me compreender os artistas e os poetas como pessoas que ousam exprimir o que há de único neles” (p. 50)

Samuel Tenenbaum:

“Rogers acredita que se uma pessoa é aceite, plenamente aceite e nesta aceitação não há nenhum julgamento, apenas compaixão e solidariedade, o indivíduo está apto a abraçar-se a si mesmo e encarar seu eu verdadeiro”

DESTAQUE 9 Comemoração da queda do Muro de Berlin


http://www.youtube.com/watch?v=9xh4ouc8Lac

http://www.youtube.com/watch?v=NDiaBGtpTRo

11/09/2009

Histórias de Filmes 3 por Nair Lúcia De Britto


O PAGADOR DE PROMESSAS

(Brasil – 1962)


O Pagador de Promessas” foi a obra que consagrou Anselmo Duarte como diretor. Foi indicado para o Oscar, em 1963, como Melhor Filme Estrangeiro. E também foi o primeiro filme a receber o Palma de Ouro, no Festival de Cannes, na França.


Dias Gomes sempre demonstrou atenção para com as causas sociais em seus textos, e foi quem escreveu o roteiro. Ele conta a história de José (Leonardo Villar), um homem simples, dono de um terreno no sertão do Nordeste, onde morava com sua mulher, Rosa (Glória Meneses).


Zé do Burro”, era o apelido dele, devido a grande estima pelo seu burro que “tinha alma de gente”.


Durante uma forte tempestade, o galho de uma árvore atinge a cabeça do animal, deixando-0 doente. Zé, desesperado, procura a ajuda de Pedro Zeferino, rezador famoso na região, pelas várias curas realizadas. Junto ao rezador, Zé faz uma promessa à Iansã (Santa Bárbara). Se a santa salvasse o seu burro, ele doaria suas terras aos pobres e carregaria uma cruz, tão pesada como a de Jesus, desde sua terra-natal até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, para oferecer ao padre.


Curado o burro, lá vai o Zé tratar de cumprir sua promessa. E assim começa o filme, com o Zé carregando sua cruz, ao lado da fiel companheira. Depois de muito sacrifício, ele chega à Igreja e conta sua história ao padre.


Mas o padre se recusa terminantemente a aceitar a cruz, proibindo-o de introduzi-la na Igreja, devido as “circunstâncias pagãs”.


Zé se justifica: “Seu vigário, me desculpe, mas eu tentei de tudo. Preto Zeferino é rezador afamado na minha zona!” E lhe conta como ele curou vários animais com “duas rezas e três rabiscos no chão”.

Mas o padre retruca: “Você fez muito mal meu filho. Essas orações são do demo!”

Como pode ser?! - Zé não se conforma. - “Se a oração fala de Deus!”


A confusão se forma quando os seguidores do Candomblé se aproveitam da situação para protestar contra o preconceito religioso da Igreja Católica.

Os jornais de Salvador também resolvem reclamar pela reforma agrária. Enfim, a simples promessa de um homem humilde transforma-se num tremendo tumulto.


A Polícia chega, e durante o confronto entre os policiais e os manifestantes, o inocente Zé acaba por perder a vida. Revoltados com o triste episódio, os manifestantes entram à força na Igreja e introduzem a cruz.


Sobre a obra que escreveu, Dias Gomes comentou: “O Pagador de Promessas é a história de um homem que não quis conceder e foi destruído. Seu tema central é, assim, o mito da liberdade capitalista. Baseado no princípio de liberdade de escolha, a sociedade burguesa não oferece ao indivíduo os meios necessários ao exercício dessa liberdade; tornando-a, portanto, ilusória”.

O Candomblé é a religião dos negros africanos que foi introduzida no Brasil, com a chegada deles a este país, para serem explorados como escravos; fixando-se principalmente na Bahia e em Pernambuco.


O Candomblé tradicional das regiões africanas, porém, é diferente dos chamados Candomblés de caboclos, que sofreu a influência das culturas indígena e mestiça, partir do século XIX.


O Candomblé tradicional era o recurso utilizado pelos escravos para se manterem fiéis às suas tradições e à cultura de seu país de origem. Na sua religião eles buscavam forças para suportar todo o sofrimento que lhes era imposto pelos brancos.


Dias Gomes quis destacar nesse filme o problema da intolerância para com o diferente. “A intolerância, o sectarismo, o dogmatismo fazem com que vejamos como inimigos aqueles que estão do nosso lado”.


O objetivo de todas as religiões é aperfeiçoar o homem como ser humano a fim de que seja digno de chegar até Deus. “Toda religião que não torna o homem melhor, não atinge o seu objetivo.”


Prêmios:

Indicado para o Oscar, como Melhor Filme Estrangeiro – EUA- 1962

Palma de Ouro (Festival de Cannes – França – 1962

Prêmio Especial do Juri (Festival de Cartagena – Colômbia – 1962)

Golden Gate, na categoria de Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora (Festival Internacional de São Francisco – EUA – 1962)


ANSELMO DUARTE


Nasceu em Salto, interior paulista, no dia 21 de abril de 1920. Na sua terra natal, ele trabalhava no “Cine Pavilhão”, onde molhava a tela na qual o filme seria projetado. Um dia, leu o anúncio de Orson Welles, buscando pessoas para participarem do filme “It's All True”, que estava sendo rodado no Brasil, em 1942. Seguiu então para o Rio de Janeiro e iniciou como ator.

Em 1949 já era considerado o galã da Atlântida, onde atuou em inúmeros filmes. Ganhou o prêmio de melhor ator por sua atuação em “Um Pinguinho de Gente”, da revista “A Cena Muda”, do Rio.


Interpretou o personagem Trindade, na televisão, na novela “Feijão Maravilha” (1979). Sua estréia como diretor foi no filme “Absolutamente Certo” (1957).

Após ganhar o Palma de Ouro, Anselmo Duarte e sua equipe foram recebidos com um desfile público, em carro aberto, assim que ele desembarcou no Brasil.

Todos seus filmes recordam uma época ingênua e adorável que deixou saudades. Assim, como agora, deixa muita saudade o rapaz bonito e gentil de tantos filmes românticos que fez suspirar os corações das mulheres do nosso Brasil.


Ele nos deixou em São Paulo, no dia 7 de novembro de 2009.


Ao Anselmo Duarte, a minha homenagem!...



Fonte de pesquisa: Enciclopédia Universal Ilustrada Melhoramentos, Folha Online, Wikipédia e Dicionário Enciclopédico TUDO, da Editora Nova Cultural.

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