12/31/2010

Cortar o Tempo


Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.


Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante,
vai ser diferente.
              
Carlos Drummond de Andrade

12/28/2010


NAPOLEONI, Loretta, O Fim de Um Mundo. A Falência do Capitalismo?. Lisboa: ed. Presença, 2010 (ca. 151 pp.e 13 euros)

"Injectar dinheiro nos cofres dos bancos como Citigroup, o HBDS e alguns bancos europeus (...) não faz sentido porque a economia irá (...) contrair-se e estes bancos não conseguirão sobreviver  pelo simples facto de que o que os mantinha de pé e os fazia crescer era o jogo financeiro e não a actividade bancária tradicional.
É melhor usar este longo período de recessão para reestruturar o sistema financeiro (...) É melhor racionalizar o sector bancário e salvar apenas a parte que serve para manter a economia à tona de água. Passada a tempestade quem é que nos impede de o privatizar? É o que sugerem muitos economistas, entre os quais Krugman, mas a palavra nacionalização ainda parece sinónimo de socialismo. Se os derivados criaram activos tóxicos porque não aboli-los? Porque é que se há-de obrigar o contribuinte a suportar empresas seguradoras que se comportaram como hedge funds, que criaram e venderam credit default swaps, que na verdade fizeram apostas sobre o pano verde sem ter capital para o fazer? O Estado deve abolir estes produtos e retirar destas empresas a parte seguradora deixando falir o resto. Os prejuízos irão atingir quem estava mais exposto ao risco, bancos e financeiros praticantes de jogos de azar (...) Um olhar sobre a AIG  (a mais importante empresa seguradora americana) ilustra bem este conceito: uma boa parte dos 180 mil milhões de dólares recebidos por ela acabou nos bolsos de bancos que detinham credit default swaps que a AIG não podia honrar. Nem a empresa seguradora nem o governo americano quiseram tornar públicos os nomes dos beneficiários, mas Wall Street sabe bem que se trata de ex-bancos de investimento como o Goldman Sachs e o Merryl Lynch. Se a alta finança se divertia com jogos de azar, então que pague as consequências dessa loucura em vez de sugar os dinheiros que são necessários para a retoma económica" (p.143) 
DAWKINGS, Richard, O Espectáculo da Vida. A Prova da Evolução. Lisboa: Casa das Letras, 2009 (Ca. 420 pp. e 19 euros)


“Mais uma vez peço desculpa por insistir tanto nesta questão mas tenho de o fazer porque mais de 40% da população norte-americana acredita literalmente na Arca de Noé. Devíamos (…) ignorá-los (…) mas (…) eles controlam os conselhos executivos das escolas, preferem que os filhos estudem em casa para os privar de contacto comp professores de ciências qualificados e este grupo inclui membros do Congresso dos Estados Unidos, alguns governadores e até candidatos presidenciais. Esta gente tem dinheiro e poder para construir instalações, universidades (..) E conforme mostram sondagens recentes o Reino Unido não está muito atrás (…) juntamente com porções da Europa e a maior parte do mundo islâmico” (p.246)

“Quando o leitor tem frio, ou apanha um grande susto (…) sente arrepios. Porquê? Porque os seus antepassados eram mamíferos normais cobertos de pêlos que se eriçavam ou baixavam (…) Demasiado frio e os pêlos eriçavam-se (…) Demasiado calor e a pelagem colava-se ao corpo (p. 308)





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