8/15/2007

ARTE 6


"O romancista, dramaturgo, são seres metidos na realidade, capazes de a abarcar no seu conjunto ou nalguma das suas parcelas. Timidamente remetem para o público o seu romance ou o seu drama. Eles acreditam - acreditamos - que o que inventam e publicam acrescenta alguma coisa ao já possuído pelos homens. Mas a sua invenção e o seu acrescento passam sem pena nem glória quando nenhuma grande assinatura se dignou reparar neles. O vulgar, então, é que o escritor renuncie à sua visão pessoal de realidade, ou da verdade, e se converta em seguidor doutro ou doutros já acreditados. Isto é, que se acolhe à protecção próxima ou remota de uma grande assinatura, em cujo exemplo ou em cujo principio possa esconder-se. O conjunto destes seguidores constitui uma "escola". E "escolas" literárias sempre as houve. O que acontece é que, antes, deixavam uma margem para a independência e hoje não deixam. A sociologia do escritor mudou muito. Inclusivamente a do escritor "engagé". Eu sou-o evidentemente mas não com um grupo ou uma escola. Sou-o ao jeito do guerrilheiro e não do soldado regular"
Gonzalo Torrente Ballester, in prólogo a Don Juan escrito em 1963, publicado juntamente com a peça pela Difel, 2005

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