BENJAMIM, Walter, Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, Lisboa, Relógio d’ Água, 1992
“Aquilo que nos leva a fixar a história na memória é sobretudo a sua sóbria concisão que dispensa uma analise psicológica. E quanto mais naturalmente o narrador recuncia à vertente psicológica, tanto mais facilmente a narrativa se gravará na memória do ouvinte, tanto mais perfeitamente se integrará na sua experiência, e o ouvinte desejará recontá-la mais cedo ou mais tarde. Este processo de assimilação que se dá a um nível profundo do indivíduo precisa de um estado de descontracção que é cada vez mais raro. O tédio é o pássaro do sonho que choca os ovos da experiência. O simples sussurrar das folhagens afugenta-o. Os seus ninhos – as actividades intimamente ligadas ao tédio – já desapareceram das cidades e estão em vias de extinção no campo. Assim se perde o dom de ouvir, assim desapareceram as comunidades de ouvintes.” (pp.36,7)
“Aquilo que nos leva a fixar a história na memória é sobretudo a sua sóbria concisão que dispensa uma analise psicológica. E quanto mais naturalmente o narrador recuncia à vertente psicológica, tanto mais facilmente a narrativa se gravará na memória do ouvinte, tanto mais perfeitamente se integrará na sua experiência, e o ouvinte desejará recontá-la mais cedo ou mais tarde. Este processo de assimilação que se dá a um nível profundo do indivíduo precisa de um estado de descontracção que é cada vez mais raro. O tédio é o pássaro do sonho que choca os ovos da experiência. O simples sussurrar das folhagens afugenta-o. Os seus ninhos – as actividades intimamente ligadas ao tédio – já desapareceram das cidades e estão em vias de extinção no campo. Assim se perde o dom de ouvir, assim desapareceram as comunidades de ouvintes.” (pp.36,7)