António Câmara
(Prémio Pessoa 2006, pela inovação, extractos de entrevista publicada in: aeiou.expressoemprego.pt ; ooh. 20 m.; 2008/04/01 )
Como é que surgiu a Y-Dreams?
Esta empresa resulta de dez anos de investigação em multimédia, realidade virtual e computação móvel no seio da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Ao fim desses dez anos muitas das pessoas do grupo foram convidadas para irem para empresas em Silicon Valley e para universidades americanas. Eu fui como professor visitante para o American Research Institute of Technology durante 98/99. Nesse ano cheguei à conclusão que em muitas áreas, daquelas que eu citei, tínhamos vantagens comparativas e na altura eu pensei desenvolver um laboratório de investigação que rivalizasse com a Medialab. Quando cheguei a Portugal verifiquei que a melhor alternativa era criar uma empresa no seio da universidade. Isto foi em Junho de 2000. Nós iniciámos as operações nessa altura e dois anos depois estamos, de facto, muito satisfeitos com a opção tomada.
O que é que esta empresa traz de novo ao mercado das novas tecnologias?
Nós temos três áreas totalmente novas a nível mundial. A primeira é que nós percebemos que através do telemóvel as pessoas podem ter uma relação com o espaço exterior muito mais próxima e isso significa que os tradicionais sistemas de informação geográfica, que são baseados em mapas da cidade, podem ser substituídos por mapas muito mais refinados, e assim criámos um novo conceito a que chamámos microgeografia em que, por exemplo, um livro numa prateleira de uma biblioteca pode ser georreferenciado. Estamos a estabelecer relações a nível mundial com operadores de supermercados, com as pessoas que estão a criar os novos códigos de barras que vão ser baseados em rádio para trazer toda essa nova abordagem para os utilizadores de telemóvel, de forma que uma pessoa quando está num centro comercial sabe onde é que deixou o carro, sabe onde é que está a loja que pretende e dentro da loja sabe onde está o produto que pretende. Isso vai demorar algum tempo a posicionar-se no mercado mas vai ser uma revolução.A segunda área que nós desenvolvemos, mesmo antes dos telemóveis terem imagem, primeiro com o WAP, mas sobretudo com o Multimedia Messaging Service, foi a de criar ferramentas para processamento de imagem já há dois anos que permitem, por exemplo, visualizar os golos de futebol em telemóveis, ver as imagens do trânsito, ver imagens relacionadas com câmaras de segurança. Novamente criámos uma série de ligações a nível internacional que nos permitem ver o futuro com alguma esperança.Finalmente, nós percebemos que o telemóvel é a primeira ferramenta de interface para algo a que todos nós pertencemos, que são as comunidades. Cada pessoa tem o seu clube, tem um partido, tem uma igreja, tem um grupo de amigos, etc. Portanto está inserido num conjunto de comunidades e nós achamos que o telemóvel vai ser a principal interface da pessoa dessas comunidades. Tem os números à mão, tem os menus à mão, tem tudo o que precisa e o que nós fizemos foi começar a criar esse conceito, de telemóveis para as comunidades. E os telemóveis abrem-se e têm um conjunto de menus que representam as diferentes comunidades a que a pessoa pertence. São estes três conceitos: microgeografia, imagens em telemóveis e telemóveis para as comunidades que são as nossas principais vantagens comparativas desta empresa
Qual é o seu papel?
Eu sou essencialmente o director geral e o meu papel passa por ser o rosto da empresa. Tenho tido um papel preponderante a definir a visão da empresa e fundamentalmente a recrutar pessoas melhores do que eu.
Mas a ideia também partiu de si, não foi?
A ideia partiu de mim mas a melhor coisa que eu tenho feito é recrutar pessoas melhores do que eu.
Video com palavras de António Câmara: