4/01/2008


Relaciona-te e serás.
Kriu

POLÍTICA 1

WOLFSON, Adam, in AAVV Direita e Esquerda, Divisões Ideológicas do Sec. XXI, Lisboa, Univ. Católica, 2007.
“Se não tivéssemos perdido de vista os fins próprios da educação, se não começássemos a considerá-la como uma forma de expandir os campos da memória e da velocidade de processamento do pensamento, nunca aceitaríamos a engenharia genética como uma ferramenta legítima de educação”
“Nós não estamos a submeter as máquinas à nossa vontade, estamos a lançar-nos para os seus braços” (sem notação de páginas).

GESTÃO 4

António Câmara
(Prémio Pessoa 2006, pela inovação, extractos de entrevista publicada in: aeiou.expressoemprego.pt ; ooh. 20 m.; 2008/04/01 )
Como é que surgiu a Y-Dreams?
Esta empresa resulta de dez anos de investigação em multimédia, realidade virtual e computação móvel no seio da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Ao fim desses dez anos muitas das pessoas do grupo foram convidadas para irem para empresas em Silicon Valley e para universidades americanas. Eu fui como professor visitante para o American Research Institute of Technology durante 98/99. Nesse ano cheguei à conclusão que em muitas áreas, daquelas que eu citei, tínhamos vantagens comparativas e na altura eu pensei desenvolver um laboratório de investigação que rivalizasse com a Medialab. Quando cheguei a Portugal verifiquei que a melhor alternativa era criar uma empresa no seio da universidade. Isto foi em Junho de 2000. Nós iniciámos as operações nessa altura e dois anos depois estamos, de facto, muito satisfeitos com a opção tomada.
O que é que esta empresa traz de novo ao mercado das novas tecnologias?
Nós temos três áreas totalmente novas a nível mundial. A primeira é que nós percebemos que através do telemóvel as pessoas podem ter uma relação com o espaço exterior muito mais próxima e isso significa que os tradicionais sistemas de informação geográfica, que são baseados em mapas da cidade, podem ser substituídos por mapas muito mais refinados, e assim criámos um novo conceito a que chamámos microgeografia em que, por exemplo, um livro numa prateleira de uma biblioteca pode ser georreferenciado. Estamos a estabelecer relações a nível mundial com operadores de supermercados, com as pessoas que estão a criar os novos códigos de barras que vão ser baseados em rádio para trazer toda essa nova abordagem para os utilizadores de telemóvel, de forma que uma pessoa quando está num centro comercial sabe onde é que deixou o carro, sabe onde é que está a loja que pretende e dentro da loja sabe onde está o produto que pretende. Isso vai demorar algum tempo a posicionar-se no mercado mas vai ser uma revolução.A segunda área que nós desenvolvemos, mesmo antes dos telemóveis terem imagem, primeiro com o WAP, mas sobretudo com o Multimedia Messaging Service, foi a de criar ferramentas para processamento de imagem já há dois anos que permitem, por exemplo, visualizar os golos de futebol em telemóveis, ver as imagens do trânsito, ver imagens relacionadas com câmaras de segurança. Novamente criámos uma série de ligações a nível internacional que nos permitem ver o futuro com alguma esperança.Finalmente, nós percebemos que o telemóvel é a primeira ferramenta de interface para algo a que todos nós pertencemos, que são as comunidades. Cada pessoa tem o seu clube, tem um partido, tem uma igreja, tem um grupo de amigos, etc. Portanto está inserido num conjunto de comunidades e nós achamos que o telemóvel vai ser a principal interface da pessoa dessas comunidades. Tem os números à mão, tem os menus à mão, tem tudo o que precisa e o que nós fizemos foi começar a criar esse conceito, de telemóveis para as comunidades. E os telemóveis abrem-se e têm um conjunto de menus que representam as diferentes comunidades a que a pessoa pertence. São estes três conceitos: microgeografia, imagens em telemóveis e telemóveis para as comunidades que são as nossas principais vantagens comparativas desta empresa
Qual é o seu papel?
Eu sou essencialmente o director geral e o meu papel passa por ser o rosto da empresa. Tenho tido um papel preponderante a definir a visão da empresa e fundamentalmente a recrutar pessoas melhores do que eu.
Mas a ideia também partiu de si, não foi?
A ideia partiu de mim mas a melhor coisa que eu tenho feito é recrutar pessoas melhores do que eu.
Video com palavras de António Câmara:

POEMA 2

Eu acendo a beleza das planícies
Faço brilhar as águas,
Queimo-me ao sol, à lua e à luz das estrelas...
Adoro tudo na terra.
Sou a brisa que alimenta todas as coisas verdes...
Sou a chuva que vem do orvalho e que leva as ervas
A rirem com a alegria da vida

Alegremo-nos nós também.

(Abadessa Hildegard, séc. XII)
Se todos nós fizéssemos as coisas que temos capacidade para fazer,
ficaríamos verdadeiramente impressionados connosco mesmo.
Thomas Edison

TEATRO 7




Bonifácio do Paraíso


Texto, encenação e interpretação:
Carlos G Melo

Adereços:
Carlos G Melo e Gabriela Fonseca

Dias: 18, 19 e 25, 26
Abril de 2008 às 22h

Sala Estúdio
Fábrica Braço de Prata

Poço do Bispo
Autocarros: 28 e 755

Reservas: 961472408






3/31/2008

Uma vida programa-se mas não se retoca.
Kriu

Se as pessoas se habituam a fazer aquilo que lhes apetece já não conseguem fazer o que querem
J. P. Abreu

POEMA 3

Gosto de me deitar
sem sono
para ficar
a lembrar-me
das coisas boas
deitada
dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim

(Adília Lopes, in Caras Baratas, Relógio d' Água)

3/30/2008


CAPITALISMO 6

GREENSPAN, Alan, A Era da Turbulência Contribuição para um Mundo em Mudança, Presença, 2007
“O que está a acontecer é que milhões de negociantes de todo o mundo procuram comprar títulos subvalorizados e vender aqueles que parecem ter um preço exagerado. É um processo que melhora continuadamente a eficiência de canalização das escassas poupanças para os investimentos mais produtivos. Este processo, apesar de caracterizado pelas críticas populistas como especulação, contribui em muito para o crescimento da produtividade de um país e do seu nível de vida. Porém, a incessante procura de vantagens vai equilibrando continuadamente a oferta e a procura, a um ritmo demasiado rápido para a compreensão humana. Forçosamente os negócios estão a ficar cada vez mais computarizados, e a negociação “ruidosa” no centro do salão da bolsa de Valores ou de Mercadorias está a ser rapidamente substituída pelos algoritmos dos computadores. (…) a distinção entre o que constitui finanças e comércio desaparecerá em grande parte.
Os mercados tornam-se demasiado grandes, complexos e acelerados para estarem sujeitos à supervisão e às normas do século XX. Não admira, então, que este monstro financeiro globalizado ultrapasse a plena compreensão até dos mais sofisticados participantes no mercado. Os reguladores financeiros têm de fiscalizar um sistema bem mais complexo do que o existente quando as normas que regiam os mercados financeiros começaram por ser escritas. Hoje, a fiscalização destas transacções processa-se essencialmente através da vigilância individual dos parceiros intervenientes no mercado. Cada entidade de crédito protege os seus accionistas e controla as posições dos investimentos dos seus clientes. Os reguladores podem continuar a fingir que fiscalizam mas as suas capacidades estão muito diminuídas e tendem a reduzir-se ainda mais. Durante mais de dezoito anos, eu e os meus colegas do Conselho de Governadores presidimos a grande parte deste processo no FED. Só tardiamente nos apercebemos de que o poder de regular administrativamente estava a desaparecer. (…) Dado os mercados se terem tornado demasiado complexos para a intervenção humana eficaz, as políticas anti-crise mais promissoras são aquelas que mantêm a máxima flexibilidade do mercado, liberdade de acção para os principais participantes no mercado, como os fundos de risco, os fundos privados de acções e os bancos de investimento.
(…)Muitos críticos acham perturbadora esta confiança na mão invisível como precaução e reforço, perguntam-se não deveriam os agentes financeiros mundiais como os ministros das Finanças e banqueiros centrais procurar regulamentar esta nova e imensa presença global? Há quem defenda que, se não fizer bem, a regulação global não fará mal. Mas faz. A regulação, pela sua própria natureza, inibe a liberdade de acção do mercado e é essa liberdade de agir expeditamente que reequilibra o mercado. Elimine-se a liberdade e todo o processo de equilíbrio do mercado é posto em risco. (…) No mundo dos nossos dias, não consigo ver de que forma um aumento de regulação governamental poderia ajudar. A recolha de dados sobre os balancetes dos fundos de risco, por exemplo, seria inútil uma vez que provavelmente estariam obsoletos antes de a tinta secar. Deveríamos criar um sistema de informação global com as posições dos fundos de risco e fundos de acções privadas para ver se existem quaisquer concentrações que possam indiciar riscos de implosões financeiras? Há quase seis décadas que lido com relatórios dos mercados financeiros. Não conseguiria determinar através desses relatórios, se as concentrações de posições reflectiam de facto a actividade que compete aos mercados – eliminar os desequilíbrios do sistema – ou se estaria para surgir algum negócio perigoso. Surpreende-me-ia deveras se alguém o conseguisse. Na verdade a “mão invisível” pressupõe que os participantes no mercado ajam de acordo com os seus interesses. E há ocasiões em que as pessoas correm riscos manifestamente desnecessários. (…) Globalmente, o quadro de problemas financeiros com que o próximo quarto de século se confronta não é muito risonho. No entanto já suportámos bem pior. Nenhum deles afectarão para sempre as nossas instituições, nem sequer é provável que derrubem a economia americana do seu lugar de liderança mundial. (Págs. 524/526)
“Até que ponto é o nosso actual sistema, desenvolvido para um mundo em que os valores físicos predominavam, adequado a uma economia em que o valor é cada vez mais consubstanciado em ideias e não em capitais palpáveis? Infelizmente, a decisão económica mais importante que os nossos legisladores e tribunais enfrentarão nos próximos vinte e cinco anos é a redefinição das regras da propriedade intelectual.” (Pág. 533)
“A situação da Europa Ocidental permanecerá pouco clara até os europeus concluírem que não podem manter um Estado-providência que exige uma população cada vez maior para o financiar. Com a sua taxa de natalidade muito abaixo do ritmo de substituição natural e pouco as previsões que antevejam uma recuperação, a força de trabalho da Europa Continental, a menos que seja significativamente reforçada por novos trabalhadores emigrantes, tende a diminuir e o número de idosos e dependentes a aumentar. Contudo a Europa não mostra vontade de acolher mais imigração. Para combater tudo isto, a produtividade da Europa teria de aumentar a um ritmo que parece estar fora do seu alcance. Reconhecendo este problema, o Conselho da Europa avançou em 2000, com um projecto ambicioso, a Agenda de Lisboa, para tornar a tecnologia do continente líder mundial. No entanto o programa sofreu atrasos e acabou por ser suspenso. Sem aumento de produtividade, é difícil ver de que forma a Europa pode continuar a manter o papel dominante que desempenhou na economia mundial desde o final da II Guerra Mundial. Mas o aparecimento de novos líderes na França, na Alemanha e na Grã-Bretanha pode constituir um sinal de que a Europa irá fortalecer o seu compromisso com os objectivos de Lisboa. A aparente convergência de perspectivas económicas de Nicolas Sarkozy, Ângela Merkel e Gordon Brown fez que o ressurgimento da Europa se afigure mais provável.” (Pág. 535)

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