5/06/2007

ARTE 7


SILVA, Sandra, org. Mãe... (textos de Marcel Proust) Lisboa, ed. 101 Noites, 2007.
"Creio que é apenas às memórias involuntárias que o artista deveria ir buscar a matéria-prima da sua obra. Em primeiro lugar precisamente porque são involuntárias, formam-se a si próprias, induzidas pela semelhança de um momento idêntico, possuem em si uma marca de autenticidade. Depois porque nos trazem as coisas na dosagem exacta de memória e esquecimento. E por fim, ao levaram-nos a experimentar a mesma sensação numa ou noutra circunstância, libertam-nos de qualquer contingência, dão-nos a sua essência extra-temporal, que justamente revela o estilo, essa verdade abrangente e necessária que só a beleza de estilo pode traduzir. O estilo não é de forma alguma um embelezamento como acreditam algumas pessoas, nem sequer uma questão de técnica, é - como a cor nos pintores - uma qualidade da visão, a revelação de um universo particular que cada um de nós vê, e que os outros não vêem. O prazer que nos dá um artista é o de revelar-nos um outro universo"

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