Cardoso, Fernando Henrique, Cartas a um jovem político. Lisboa: ed. Quixote. 2011 (ca. 154 pp. e 18 euros)
" Se a classe trabalhadora mudou muito no Brasil, a classe média nem se fala. A classe média no passado era a classe média tradicional, ou seja, os membros caídos das classes dominantes. Os filhos eram colocados no Exército, na Igreja ou na universidade para se poder manter mais ou menos um padrão razoável de vida. Agora há uma nova classe média que vem de baixo, não tem ligação com o Estado e é composta por uma imensa quantidade de gente. (...) O velho princípio de «solidariedade de classe» é outro também, porque a competição entre as pessoas aumentou muito" (p. 75)
"Uma ou algumas pessoas que possam realmente contar e ouvir a verdade (...) Pode ser um velho amigo, ou amiga, um auxiliar próximo, um ministro, não importa. (...) Ou a pessoa no poder consegue construir uma linha permanente de contato com a verdade - e com o mundo real - ou fica perdida" (p. 102)
"qualquer pessoa que queira exercer uma função política a sério tem que saber responder à seguinte pergunta: para quê? Com qual propósito, exatamente, estou entrando na política? O que eu quero mesmo fazer? A quem desejo representar?
(...)
E o alicerce das alianças sadias é a convicção de que elas se destinam a cumprir um programa para alcançar objetivos. " (p. 125)