FOUREZ, Gérard, A Construção das Ciências - As Lógicas das Invenções Científicas, Lisboa, Instituto Piaget, 2008 (ca. 405 pp. e 23 euros)
“A comunidade científica como grupo que tem pouco poder directo, tem tendência para encontrar aliados (…) essas «alianças» influenciarão os investigadores (…) É assim que, se um grupo de matemáticos estuda problemas de tráfego num aglomerado populacional, há poucas hipóteses de que negligencie os interesses da população que habita nos bairros dormitórios em torno da cidade. Mas não lhes será impossível esquecer os interesses das populações mais pobres que habitam no centro. (…) veremos como a medicina científica se estrutura em torno de um paradigma determinado em boa parte pela prática social de um medicina industrialista, visando apenas os que têm capacidade de se tratar e de pagar um médico” [LAMBOURNE, R.A. Le Christ et la Santé, Paris, Le Centurion-Labor et Fider, 1972] (p.105)
“podemos definir as ciências como um trabalho sobre os limites, uma espécie de exuberância ou demência do espírito humano (Monin) querendo superar-se incessantemente, uma «festa» científica (Thill) por meio da qual superamos o lugar onde estavamos, ou ainda o jogo dos possíveis (Fourez) em que jogamos a representar-nos as acções possíveis, quaisquer que elas sejam.” (p.306)