10/11/2008

CAPITALISMO 20

FINKELSTEIN, Normam, A Indústria do Holocausto, Reflexões sobre a Exploração do Sofrimento dos Judeus, Lisboa, 2001, 1ªedição (169 pp. ca. 12 euros)

“ O que me levou a escrever este livro foi o estudo pioneiro de Peter Novick, “The Holocaust in American Life” (…) Na análise de Norvick, a categoria central é a “memória”. Actualmente na berra na torre de marfim dos académicos a “memória” é sem dúvida o conceito mais pobre que nos últimos tempos apareceu (…) Antigamente os intelectuais dissidentes utilizavam categorias sólidas como “poder” e “interesses” por um lado e, por outro, “ideologia”. Hoje só restam termos frouxos e despolitizados como “problemas” e “memórias”. No entanto, dadas as provas invocadas por Norvick, a memória do Holocausto é uma construção ideológica ligada a interesses precisos. (…) Originalmente o meu interesse pelo holocausto nazi era pessoal. Os meus pais foram sobreviventes do Gueto de Varsóvia e dos campos de concentração nazis.” (pp.12 a 14)

“Desde a sua fundação em 1948 até à guerra de Julho de 1967, Israel não foi um elemento central no planeamento estratégico americano.” (p.27)

“Todos os que escrevem sobre o Holocausto afirmam que é único mas poucos ou nenhum explicam porquê” (p.53)

“Se o Holocausto não tem precedentes na história, coloca-se acima dela e portanto não é possível a história compreendê-lo.” (p.55)

“Os nazis exterminaram meio milhão de ciganos o que proporcionalmente equivale a pouco mais ou menos o genocídio dos judeus” (p.88,9)

“Novick salienta a cumplicidade dos Estados Unidos em desastres humanos que, embora diferentes do extermínio nazi, têm a mesma dimensão. Depois de uma coligação dirigida pelos Estados Unidos ter desvastado o Iraque em 1991 para castigar “Saddam-Hitler” os Estados Unidos impuseram sanções criminosas através das Nações Unidas (…) É provável que tenham morrido um milhão de crianças como no holocausto nazi. Interrogada na televisão nacional sobre essa hecatombe terrível, a secretária de Estado Madeleine Albright respondeu que “o preço justifica-se” (p. 166)

“O desafio actual é restaurar o holocausto nazi como um tema racional de investigação. Só nessa altura poderemos de facto aprender com ele” (p. 169)



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