6/29/2013

megapiquenique no terreiro do paço...

O mundo coisa esparramou-se hoje no terreiro do paço e a multidão coisa acorreu a ver as coisas animais mais as coisas alimentares. No meio de intenso ruído – não música – suor e ainda gritos “olha aqui o porco!” “Vê além a vaca!”  tudo se tresmalhava por entre cheiros a estrume, adubo e polícia. A excepção a esta exposição coisa era Lisboa e o Tejo, as suas cores, enquanto no asfalto famílias inteiras, de perna escarrapachada e cueca a ver-se, destapavam catrefas de taparueres com comida requentada. Piquenique, não era? E o cantor-digestivo ao cair da noite - bela receita. Por entre corredores de gente esgaseada pela vida  e anúncios “Vá ao mega-piquenique, não falte, etc.” serpenteei de cela em cela, de talhão em talhão – “olha aqui  a melancia e além o melão”  - aprendendo que o girassol é uma planta e não um mamífero. Sim, este mundo coisa,  rural ou urbano que importa,  há-de chegar também ao fim e dá vontade de dizer – não fosse eu ateu embora religioso! – que, na expulsão do Paraíso, o pior não foi a condenação ao trabalho mas a plastificação da vida.

Libertação, precisa-se!
CMelo

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