6/16/2008

PORTUGAL 4

PINTO, António Mendonça, Economia Portuguesa, Melhor é Possível, Coimbra, ed. Almedina, 2007
“Agora ao iniciar-se um novo ciclo de aproveitamento de fundos comunitários, a orientação estratégica e operacional tem de ser claramente diferente (…) porque é preciso investir a sério no conhecimento, na ciência, na inovação e na tecnologia em consonância com a Estatégia de Lisboa” (p.109)

“Por sua vez a perigosidade da ideia de inexistência de alternativa de política vem, essencialmente, do desinteresse dos cidadãos pela política, para o que também contribui o fechamento dos partidos e a atrofiamento da comunicação social. Exagerando um pouco para se perceber melhor, de facto, os partidos políticos mais relevantes fecharam-se bastante em si próprios e subalternizaram os valores e as ideologias em favor da conquista pragmática do poder, nomeadamente para benefício de alguns membros e simpatizantes, sendo cada vez menos centros de discussão e preparação de políticas públicas para apresentação ao governo ou à Assembleia da República. Em consonância com esta evolução partidária, a (maior parte da) comunicação social também se ocupa cada vez mais com o acessório (…). Nestas circunstâncias não admira que vá minguando o debate político, crescendo a despolitização, diminuindo a confiança nos agentes políticos e alastrando a ideia de que não há alternativas de política, o que é perigoso porque reduz a discussão pública dos problemas, leva a pensar que tanto faz votar PS ou no PSD (…) e ajuda a desculpar os responsáveis políticos pelas fracos resultados obtidos. (…) mesmo que o Governo disponha de maioria parlamentar as medidas mais importantes deveriam ser sempre precedidas de debate político que envolvesse e motivasse a população, sob pena de correrem o risco de terem uma base social de apoio reduzida, ou de servirem interesses específicos em vez do interesse geral.

(...) Precisamos de um projecto de desenvolvimento mobilizador e de reconstruir a ideia e a confiança de que é melhor é possível [sublinhado do autor]. Para o efeito o crescimento da economia tem de ser a prioridade de topo da política económica. Sem abandonarmos o combate ao défice orçamental, o Governo deve substituir, ao nível da discurso e da prática, a política depressiva do défice pela política animadora do crescimento económico, mesmo que não se saiba ainda muito bem o que realmente o determina e como o influenciar eficazmente. (…) A julgar pelos resultados não tem havido suficiente capacidade de motivação dos empresários e sem a iniciativa empresarial a economia não se desenvolve.

(...) Temos planos e programas a mais e estratégia a menos, politicas demasiado dispersas e genéricas quando deviam ser mais articuladas e focadas nas prioridades principais.” (p. 332,3)


FASCISMO 1

GALIZA, Rui David e PINA João, Por Ter Livre Pensamento, Lisboa, ed. Assírio e Alvim, 2007
Biografias de ex-presos de Salazar com fotos.
Útil para a memória curta ou para evitar que diminua.

6/15/2008

BIOLOGIA 3

PONSET, Eduardo Viagem à Felicidade – As novas chaves científicas, Lisboa, ed. Dom Quixote, 2007.
“A constatação daquilo que os biólogos como Lynn Margulis (…) classificaram como endossimbiose levou-a a postular que na história da evolução imperou mais a colaboração entre as espécies do que a competição desapiedada pela sobrevivência.
Enquanto as cianobactérias iam oxigenando a atmosfera, outras bactérias suportavam mal os processos de oxidação desencadeados, bem como a crescente reactividade do ar. O aparecimento do oxigénio, letal para a maioria dos organismos, provocou um verdadeiro holocausto. Assim, essas células aliaram-se entre si para formar organismos pluricelulares mais adaptáveis ao novo ambiente oxigenado. À primeira célula eucariota sucederam as primeiras algas marinhas no decurso de quatrocentos milhões de anos. E umas espiroquetas mais velozes que a maioria dos outros organismos também acabaram por penetrar na muralha da membrana celular, fornecendo as vantagens da sua rapidez ao conjunto, em troca de alimentos.” (p. 110)

“Esquecemos até que ponto a vida na Terra é interdependente. Sem a vida microbiótica mergulharíamos no mundo das fezes e afogar-nos-íamos no dióxido de carbono que exalamos. (…) A moral da história da evolução é que somente através da conservação das espécies, da interacção ou da criação de redes, e não através da subjugação, podemos evitar um fim prematuro à nossa espécie.” (Linn Margulis cit. pp. 110/111)
“Se se perguntar a Lynn Margulis o que é a vida, ela responde que é uma estranha e parcimoniosa onda a fazer windsurf sobre a matéria: “é um caos artístico controlado, um monte de reacções químicas de tal complexidade que a viagem iniciada há quase quatro mil milhões de anos contínua agora numa forma humana, capaz de escrever cartas de amor e de utilizar computadores de cilício para calcular a temperatura da matéria quando nasceu o universo”. É uma definição muito parecida com a de outro biólogo, Ken Nealson (…) “A vida (…) é um equívoco” (p. 111)

Arquivo do blogue