7/23/2010

TESTEMUNHOS 19

NUZI, Gianluigi, Vaticano S.A.. Lisboa: Ed. Presença, 2010 (ca 270 pp. e 17 euros)

“O próprio monsenhor Dardozzi tinha feito do silêncio uma regra

de vida. Nunca fez uma declaração, entrevista ou fotografia. Nem sequer

uma citação. O seu interminável arquivo, que reconstrói, a partir



de dentro, os acontecimentos financeiros mais inquietantes da Igreja



Romana, não poderia ter sido tornado público antes. É somente depois



da sua morte que Dardozzi abandona o caminho obscuro que traçou



para si durante toda a sua vida. Eis a sua última vontade testamentária:



«Tornar públicos estes documentos para que todos saibam o que aconteceu.»



p. 13




“Na primeira parte reconstitui-se a gestão das finanças do Vaticano



passo a passo com base nas cartas secretas de Dardozzi. Uma vez



fechado o arquivo de Dardozzi, na segunda parte, resultado de factos



e de testemunhos inéditos, relata-se as operações financeiras arrojadas



e que terão levado monsenhores e prelados a apoiar o nascimento de



um novo grande partido do centro, depois da queda da Democrazia



Cristiana, e até a reciclar dinheiro da Máfia." (p.15)

7/22/2010

DESTAQUE 16

SACHS, D. JEFFREY, «Economia e Justiça». Jornal de Negócios”, 20/07/2010. Trad. de Ana Luisa Marques.


Graças (…) às medicinas modernas (…) os cuidados de saúde primários são actualmente (…) baratos, custando cerca de 54 dólares por pessoa por ano nos países pobres.


(…) os orçamentos nacionais dos países pobres só podem financiar cerca de 14 dólares por pessoa.


(…) O “gap” financeiro é de 26 mil milhões de dólares.


(…)


Os países ricos poderiam facilmente reunir este dinheiro.


Primeiro os Estados Unidos podiam terminar a cara e falhada guerra no Afaguenistão (…) Se os Estados Unidos dessem uma pequena percentagem desse valor para ajudar o desenvolvimento do Afaguenistão, haveria muito mais probabilidades de alcançar a paz e a estabilidade


(..)


Uma segunda hipótese seria aplicar impostos aos grandes bancos internacionais


(…)


È tempo de aplicar um imposto internacional sobre os lucros dos bancos (…) Os países em desenvolvimento devem fazer pressão para que este imposto seja criado e não devem aceitar desculpas débeis dos Estados Unidos e outros países para protegerem os seus bancos.


Uma terceira hipótese seria obter contribuições dos homens mais ricos do mundo. Vários deles, incluindo Bill Gates, Georges Soros, Warrn Buffet e Jeffrey Skoll são já mega-filantropos. (…) Ainda assim, outros milionários têm ainda de fazer doações semelhantes.

(…)

Uma quarta possibilidade seria olhar para empresas como a Exxon-Mobil, que ganha milhões de dólares em África todos os anos mas que de acordo com um dos relatórios da empresa, gastou apenas cinco milhões por ano em programas de controlo da malária em Àfrica durante 2000 e 2007.




A Exxon-Mobil pode e deve financiar uma parte muito maior dos serviços de saúde primária tão urgentes em África, seja através de direitos pagos pela empresa ou de doações filantrópicas.


Em quinto lugar, os novos doadores, tal como o Brasil, a China, a Índia e a Coreia do Sul (…) . Se os Estados Unidos e a Europa são negligentes para cumprirem as suas responsabilidades, as economias emergentes podem e vão realizar parte delas. Felizmente estes novos doadores estão a tornar-se parceiros de confiança em África.
O mundo rico diz que há falta de dinheiro para fazer mais. Mas o que falta é imaginação e não recursos.


(…)


Os Estados Unidos deviam deixar de desperdiçar dinheiro em gastos militares e destiná-lo aos financiamentos do sistema de saúde. O mundo deveria implementar um imposto global sobre o sector bancário. Os multimilionários deviam aumentar o seu nível de filantropia. As empresas petrolíferas deviam pagar mais. Os novos doadores, como a China, podem preencher o “gap” financeiro deixado pelos países doadores tradicionais.

O dinheiro existe. As necessidades são urgentes. É um desafio à moralidade e à capacidade de visão. [sublinhado de kriu]

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