9/04/2007

BUDISMO 1


LAMA, Dalai, O Poder da Paciência no Pensamento Budista, Lisboa, Presença, 2001
Mesmo em termos científicos modernos, os físicos, na sua procura da compreensão da natureza da realidade física, chegaram a um estádio em que perderam o conceito de matéria sólida; não podem apresentar qual a identidade real da matéria. Por isso começaram a ver as coisas de um modo mais holístico, em termos de inter-relações em vez de objectos independentes e concretos e distintos (...) Uma vez que existem [as coisas] qual o seu modo de existência? Somos forçados a concluir que podemos compreender a sua existência e identidade somente em termos de inter-relações, algo que deriva da interacção com outros e em dependência de outros factores, rótulos e designações que impomos à realidade. (...) fixem então a vossa mente nessa conclusão, que as coisas não existem inerente e independentemente, e não se comprazam com essa realidade intrínseca ou realidade intrínseca. É isso que significa meditar sobre a vacuidade.
Portanto, quando meditamos na vacuidade não estamos a pensar "Oh isto é a vacuidade", não estamos a pensar: "Oh as coisas não existem desta maneira, nem podem existir de outra maneira". Não devia haver qualquer tentativa de afirmar seja o que for. O que deveria haver é o simples estabelecer da mente nesta conclusão, que as coisas e acontecimentos carecem de realidade independente ou intrínseca, o que não é idêntico ao estabelecer a mente numa vacuidade total ou mera ausência. Melhor, estabelecemos a mente na ausência de existência independente e da realidade intrínseca. (188/9)

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