KRUGMAN, Paul, Acabem Com
Esta Crise – Já!. Lisboa, Presença: 2012 (Ca. 247 pp. e 15 Euros) *
“a sabedoria convencional entre aqueles a que alguns de nós
chamavam sarcasticamente, Pessoas Muito Sérias pôs completamente de lado a
máxima central de Keynes: «A altura certa para a austeridade é em tempo de
fartura e não de recessão.» Agora é a altura certa de o governo gastar mais, e
não menos, até que o setor privado esteja pronto para voltar a fazer singrar a
economia – mas as políticas de austeridade e de destruição do emprego
tornaram-se entretanto na norma” (p. 13)
“E as pessoas (…) que sabiamente declaram que os nossos
problemas estão profundamente enraízados e que não há nenhuma solução fácil,
que precisamos de nos adaptar todos a um panorama mais austero soam-nos sensatas e realistas, apesar de
estarem absolutamente erradas.” (…) “pôr fim a esta depressão seria uma experiência
de alívio para praticamente toda a gente, exceto para quem investiu política,
emotiva e profissionalmente em doutrinas económicas irracionais. “ (p. 35)
“Se examinarmos aquilo que os austerianos [adeptos da
austeridade - nota de Kriu] querem – uma política orçamental concentrada nos
défices e não na criação de emprego (…) tudo isso serve, com efeito, os interesses dos
credores, daqueles que emprestam dinheiro por oposição àqueles que contraem os
empréstimos/e ou trabalham para ganhar a vida. Aqueles que emprestam dinheiro
querem que os governos tenham como sua maior prioridade honrar as suas dívidas
e opoêm-se a qualquer ação monetária que prive os banqueiros de retornos (…).
Por último perdura uma urgência constante de transformar a
crise económinca numa peça de moralidade, num conto em que a depressão é a
consequência necessária de pecados anteriores que não devem ser atenuados. (…) especialmente
(…) os banqueiros centrais e outros dirigentes financeiros, cujo sentimento de
autoestima se encontra entrelaçado com a ideia de serem os adultos que dizem
«não».
O problema é que na situação atual, insistir em perpetuar o
sofrimento não é a forma madura e adulta de resolver as coisas. É infantil
(julgar uma política pelos sentimentos e não pelos atos) e destrutiva.
(…) pôr dinheiro nas mãos das pessoas em situações
aflitivas e haverá uma boa hipótese de que o gastem, que é exatamente aquilo
que precisamos que aconteça.
(…) como poderemos mudar de rumo? Será este o assunto a
abordar (...) neste livro. (p. 217)
* laureado com o Premio Nobel
* laureado com o Premio Nobel