7/16/2008

CAPITALISMO 18

STIGLITZ, Joseph E., Os Loucos Anos 90 – A Década Mais Próspera do Mundo, Lisboa, Terramar, 2005 (ca.397 pp. e 22.50 euros)
Retirado da Introdução escrita pelo ex-Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio:
“A primeira [ideia] que me parece ser a tese central do livro respeita ao facto de a larga expansão económica americana dos anos 90 já conter algumas sementes da sua própria destruição. Como advogado que sou, sei bem que frequentemente alguns argumentos contêm em si mesmo o começo da sua própria destruição. Talvez por isso tenha compreendido melhor a tese do Prof. Stiglitz segundo a qual a administração Clinton – talvez por ter desregulamentado bastante e contado de mais com a concorrência económica e por ter tido uma deferência excessiva para com o sector financeiro (para ter a sua confiança) tivesse deixado, como dizem os economistas, encher uma bolha especulativa que acabaria por rebentar, com significativas consequências económicas, sociais e levar à recessão da conomia americana de 2001. “Se a economia tivesse sido bem gerida, a recessão que se seguiu talvrz tivesse sido curta e superficial” (p.79).
Em segundo lugar destaco a ideia de que o mercado deixado a si próprio produz de mais algumas coisas indesejáveis, como por exemplo poluição e outras externalidades negativas e, de menos, certas coisas desejáveis, como por exemplo educação e outras externalidades positivas; por outro lado, porque os mercados e os agentes económicos precisam de alguma regulação económica para actuarem de forma adequada e eficiente. Para o Prof. Stiglitz a excessiva desregulação da economia americana na década de 90 esteve na origem ou potenciou muitos abusos, desde a manipulação de mercados à realização de truques contabilísticos, e ajudou a criar um ambiente em que bastantes empresas e os seus executivos de topo prosseguiram egoisticamente os seus interesses à custa dos accionistas, dos empregados e da economia em geral. Não se pense no entanto que o Prof. Stiglitz considera que toda a desregulação é má em si mesma.(…) Ele reconhece que alguns factores, nomeadamente a evolução tecnológica tenham tornado obsoletas grande parte da regulamentação existente em alguns sectores da actividade, mas tal não implicava a (quase) total desregulação em todos esses sectores.
De facto, dadas as insuficiências da “mão invisível” a regulação económica de actividades e mercados na forma e na dose adequada é, e continuará a ser, sem dúvida, uma importante função dos governos, como definidores de regras e árbitros do jogo do mercado.
A terceira ideia geral retida respeita à globalização, assunto que o Prof. Stiglitz já tinha discutido largamente no seu livro anterior “Globalização – A Grande Desilusão” [vd citações neste blog] e que trata agora na perspectiva mais americana do que na do mundo” (pp. 8,9)

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