POPPER, Karl R. , Em Busca de um Mundo Melhor, Lisboa, Editorial Fragmentos, Lda., 2ª ed., 1989. (244 pp)
“Todos os homens são filósofos. Mesmo quando não tem consciência dos seus problemas filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as teorias que aceitam como evidentes. (…) Uma justificação para a existência da filosofia profissional ou académica é a necessidade de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
(…) Gostaria de referir alguns exemplos de preconceitos filosóficos muito divulgados e perniciosos.
Existe uma concepção filosófica da vida, de enormes repercussões, que defende que quando algo de mau (ou algo extremamente inoportuno) acontece neste mundo alguém deve ser responsável – alguém o provocou intencionalmente. Esta concepção é muito antiga. Em Homero a inveja e a cólera dos deuses (…) no pensamento cristão é o demónio o responsável pelo mal. E no marxismo comum é conspiração dos capitalistas ávidos (…) A esta teoria acrítica do senso comum chamei a teoria da conspiração da sociedade. (…) Desencadeou, na sua procura de um bode expiatório, perseguições e sofrimentos terríveis.
(…) Um outro exemplo de preconceitos filosóficos é o de que as opiniões de um indivíduo são sempre determinadas em função dos seus interesses. (…) Isto impede-nos de estar atentos a novas opiniões e de as tomarmos a sério, uma vez que podemos justificá-las através dos “interesses” de outrem.
Deste modo não é possível, pois, uma discussão racional. (…) Em vez da interrogação realmente importante “onde está a verdade nesta questão?” outra se impõe, de muito menor relevância: “Qual é o teu interesse, quais as razões que influenciam a tua opinião?” (pp.163/5)
“Todos os homens são filósofos. Mesmo quando não tem consciência dos seus problemas filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as teorias que aceitam como evidentes. (…) Uma justificação para a existência da filosofia profissional ou académica é a necessidade de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
(…) Gostaria de referir alguns exemplos de preconceitos filosóficos muito divulgados e perniciosos.
Existe uma concepção filosófica da vida, de enormes repercussões, que defende que quando algo de mau (ou algo extremamente inoportuno) acontece neste mundo alguém deve ser responsável – alguém o provocou intencionalmente. Esta concepção é muito antiga. Em Homero a inveja e a cólera dos deuses (…) no pensamento cristão é o demónio o responsável pelo mal. E no marxismo comum é conspiração dos capitalistas ávidos (…) A esta teoria acrítica do senso comum chamei a teoria da conspiração da sociedade. (…) Desencadeou, na sua procura de um bode expiatório, perseguições e sofrimentos terríveis.
(…) Um outro exemplo de preconceitos filosóficos é o de que as opiniões de um indivíduo são sempre determinadas em função dos seus interesses. (…) Isto impede-nos de estar atentos a novas opiniões e de as tomarmos a sério, uma vez que podemos justificá-las através dos “interesses” de outrem.
Deste modo não é possível, pois, uma discussão racional. (…) Em vez da interrogação realmente importante “onde está a verdade nesta questão?” outra se impõe, de muito menor relevância: “Qual é o teu interesse, quais as razões que influenciam a tua opinião?” (pp.163/5)
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