4/03/2011

DESTAQUE  Porque silenciam a ISLÂNDIA?

por: Francisco Gouveia, Engº (gouveiafrancisco@hotmail.com)






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Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido no meio do mar, deu a volta à crise.

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A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas "macaquices" bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar).



Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. (...) a tal "ajuda" ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima), que (...) se traduziam num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos (...)

Parte desta ajuda seria para "tapar" o buraco do principal Banco islandês.



Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos.



O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI.



Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.



Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística dupla) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria.



Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia).



Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo: aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor de outra produtiva e exportadora



(...)

Os cortes na despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não "estragar" os serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado.





As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a pagar nos tais 30 anos.



(...)

Graças a esta política (...) a Islândia conseguiu, aliada a uma política interna onde os islandeses faziam sacrifícios, mas sabiam porque os faziam (...) a Islandia conseguiu sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010.



O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores.


 





2 comentários:

  1. Adorei o artigo, simplesmente adorei. Mas ainda agora dizia à minha mulher - a verdade é que as pessoas queixam-se muito que ainda agora (aprox. 40 anos) termos saído de uma ditadura e assim levar tempo a reconstruir socialmente o que quer que seja, mas essa não é a explicação. A explicação de tal ser possível na Islândia e não em Portugal é resultado apenas de um factor - a alfabetização da nossa sociedade. A Islândia tem uma sociedade profundamente alfabetizada, culta e instruída, Portugal simplesmente NÂO TEM! Ainda temos muita gente que não compreende minimamente os problemas que as afectam, não os sabem discutir e não se sentem munidos de capacidade de argumentação para discutir cara-a-cara as coisas. Entre um milhão de variáveis possíveis; esta é na minha óptica a razão de Portugal continuar a precisar de 3 a 4 gerações para um dia vir a ser um país de exemplo e referência como o é a Islândia.

    www.papirogustativo.blogspot.com

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  2. RESPOSTA: Porque a superclasse (alta finança - capital global; nota: controlam os media) está interessada em Democracias facilmente manobráveis por lobbys...
    A superclasse não está interessada em Democracias aonde os cidadãos exijam, não só maior transparência aos governos, como também o Direito de VETAR as 'manobras' com as quais não concordam.


    ANEXO:
    A limitação do número de mandatos dos políticos é um álibi/truque para reivindicar reformas antecipadas... e... para dar uma ilusão de controlo!...
    Ora, os políticos não deverão ter o número de mandatos limitado... mas em contrapartida, esses mandatos deverão estar sujeitos a uma muito maior vigilância/controlo por parte dos cidadãos (ex: o Direito ao Veto do Contribuinte) - blog: Fim da Cidadania Infantil; e os políticos deverão ter uma idade de reforma igual à do regime geral!


    P.S.
    A superclasse não só pretende conduzir os países à implosão da sua Identidade... como também... pretende conduzir os países à implosão economica/financeira...
    De facto: superclasse ambiciona um Neofeudalismo - uma Nova Ordem a seguir ao caos...

    P.S.2.
    Existe algo que cada vez é mais óbvio: a voragem do capital global contra o Estado-Nação!...
    Na voragem... os governos fragilizados (pela actuação de 'bilderbergos' infiltrados nos governos, nos partidos, nos sindicatos, etc)... são depois pressionados/empurrados (de várias formas) no sentido de que sejam vendidos activos dos Estados.
    [nota: leia-se - delapidar os sectores estrategicos, privatizar as joias de ouro, decapitar qualquer força opositora (no caso de Portugal a PJ e o Exercito) e depois criar uma policia privada mercenaria e um gigantesco complexo de vigilancia electronica]

    P.S.3.
    O Estado tem muitos defeitos... mas permite-nos participar (e procurar melhorar as coisas)... MAS... quem quiser ficar à mercê dos globalistas maçonicos do clube bilderberg (etc), ou seja, ser UM SERVO de senhores neofeudais…... tchau: que faça bom proveito!...

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