http://www.milieuristas.es
FREIRE, Laura Espido, Milieuristas, o retrato de uma geração com grandes expectativas mas que vive hoje com o ordenado mínimo, Porto, Âmbar, 2008 (246 pp., ca.17 euros)
[Nota de Kriu: A análise de L.E.F. caracteriza uma geração espanhola mas porventura com paralelo em Portugal, e ganhando ainda menos]
“o milieurista é uma pessoa nascida entre 1965 e 1980 (…) o seu salário ronda os mil euros mensais ou nem chega a isso. Recebeu uma formação universitária (…) está familiarizado com os tempos livres e (…) tecnologias. (…) Nasceu numa cidade ou mudou-se para ela. Apresenta uma ideologia de vida que a diferencia claramente dos grupos nascidos 15 anos antes ou 15 anos depois. E convive com companheiros da mesma idade que não partilham de modo algum estas características. (pp. 16,17)
“Os milieuristas não fazem referência a um marco temporal. Até se ter inventado o termo [numa carta a um jornal uma jovem auto-denominou-se “milieurista” - N. de K.] falava-se de “outra geração dos anos 80 (…) os da geração X ou os JASP (jovens Aunque Sobredamente Preparados). Falou-se também dos GP (Guapos Pobres) (…) Em contrapartida, o termo “milieurista” triunfou porque ao conceito de idade sobrepunha uma definição económica, imediata e verificável (…) Face à geração anterior, capitalista, antigos sonhadores, obcecados com o poder e com a juventude, a juventude X mostrava-se discreta e tecnológica, ecologista e alternativa, universitária e desesperada. (…) Cresceram na prosperidade dos anos 80 mas com a certeza de que não viriam a desfrutar dela”
(…) “A distinção entre Geração X e Geração Y era confusa. Os da Geração Y não poderiam ser acusados de apatia. Pelo contrário, eram combativos. Os mais jovens já não eram filhos dos Baby Boomers mas netos e por isso já não se sentiam obrigados a contradizê-los. Como os seus avós questionavam tudo, transbordavam de auto-confiança e não acreditavam nas ideias que, até certo ponto, os X defendiam: nem a ecologia nem o downshifting. Para os Y o dinheiro recuperara a sua importância mas curiosamente não associado ao trabalho. Os X queriam trabalhar menos e melhor. E os Y não queriam trabalhar” (pp. 21,23)
“Em que se baseava então o crescimento espanhol? Em dois grandes pilares básicos que explicam, ao mesmo tempo, os conflitos milieuristas: um desenvolvimento excessivo e selvagem da construção e da especulação dos solos, e na procura do consumo interno. Os resultados colaterais vieram a ser o endividamento excessivo das famílias e a criação de postos de trabalho mal remunerados e pouco estáveis.” (p.34)
“Normas de sobrevivência” [do milieurista - N. de K.]
1. Aproveita o impulso do inimigo (…)
2. Investe no que já possuis [referência a uma aprendizagem colateral que se pode de facto revelar-se uma boa saída profissional - N. de K.]
3. Não sejas turista: viaja (…)
4. Sê flexível como um junco (…)
5. Recicla (…)
6. Estuda todos os dias (…)
7. Transforma-te em pesquisador de tesouros (….)
8. Confia unicamente em ti mesmo.: não esperes nada dos outros e alegra-te se o receberes.
9. Não desprezes a pressão do grupo (…)
10. Pratica a moderação e a constância: ser milieurista não é uma condenação, apenas uma situação. Está nas tuas mãos mudá-lo” (p.173
“Grande parte das ajudas recebidas da União Europeia eram destinadas à construção de auto-estradas. (…) Seria suposto falar de fracasso, de falta de sentido, de geração perdida (…) Enquanto cresciam na sombra, ou se ocupavam de trabalhos pesados e mal pagos, a sociedade foi também moldada pela mentalidade milieurista.(…) Com a morte ou a reforma dos Baby Boomers, existirá uma possibilidade dos milieuristas demonstrarem os êxitos da sua educação, do seu requinte, da tecnologia e da globalização. Então, se tudo correr como esta previsto, será o momento de deixar que tudo mude. De ceder o poder, por incómodo e desagradável que pareça, aos Y, para que a situação vivida por eles não se repita e para que o avanço geracional não seja travado. Para que tudo continue igual ou até melhore. (p.246)
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FREIRE, Laura Espido, Milieuristas, o retrato de uma geração com grandes expectativas mas que vive hoje com o ordenado mínimo, Porto, Âmbar, 2008 (246 pp., ca.17 euros)
[Nota de Kriu: A análise de L.E.F. caracteriza uma geração espanhola mas porventura com paralelo em Portugal, e ganhando ainda menos]
“o milieurista é uma pessoa nascida entre 1965 e 1980 (…) o seu salário ronda os mil euros mensais ou nem chega a isso. Recebeu uma formação universitária (…) está familiarizado com os tempos livres e (…) tecnologias. (…) Nasceu numa cidade ou mudou-se para ela. Apresenta uma ideologia de vida que a diferencia claramente dos grupos nascidos 15 anos antes ou 15 anos depois. E convive com companheiros da mesma idade que não partilham de modo algum estas características. (pp. 16,17)
“Os milieuristas não fazem referência a um marco temporal. Até se ter inventado o termo [numa carta a um jornal uma jovem auto-denominou-se “milieurista” - N. de K.] falava-se de “outra geração dos anos 80 (…) os da geração X ou os JASP (jovens Aunque Sobredamente Preparados). Falou-se também dos GP (Guapos Pobres) (…) Em contrapartida, o termo “milieurista” triunfou porque ao conceito de idade sobrepunha uma definição económica, imediata e verificável (…) Face à geração anterior, capitalista, antigos sonhadores, obcecados com o poder e com a juventude, a juventude X mostrava-se discreta e tecnológica, ecologista e alternativa, universitária e desesperada. (…) Cresceram na prosperidade dos anos 80 mas com a certeza de que não viriam a desfrutar dela”
(…) “A distinção entre Geração X e Geração Y era confusa. Os da Geração Y não poderiam ser acusados de apatia. Pelo contrário, eram combativos. Os mais jovens já não eram filhos dos Baby Boomers mas netos e por isso já não se sentiam obrigados a contradizê-los. Como os seus avós questionavam tudo, transbordavam de auto-confiança e não acreditavam nas ideias que, até certo ponto, os X defendiam: nem a ecologia nem o downshifting. Para os Y o dinheiro recuperara a sua importância mas curiosamente não associado ao trabalho. Os X queriam trabalhar menos e melhor. E os Y não queriam trabalhar” (pp. 21,23)
“Em que se baseava então o crescimento espanhol? Em dois grandes pilares básicos que explicam, ao mesmo tempo, os conflitos milieuristas: um desenvolvimento excessivo e selvagem da construção e da especulação dos solos, e na procura do consumo interno. Os resultados colaterais vieram a ser o endividamento excessivo das famílias e a criação de postos de trabalho mal remunerados e pouco estáveis.” (p.34)
“Normas de sobrevivência” [do milieurista - N. de K.]
1. Aproveita o impulso do inimigo (…)
2. Investe no que já possuis [referência a uma aprendizagem colateral que se pode de facto revelar-se uma boa saída profissional - N. de K.]
3. Não sejas turista: viaja (…)
4. Sê flexível como um junco (…)
5. Recicla (…)
6. Estuda todos os dias (…)
7. Transforma-te em pesquisador de tesouros (….)
8. Confia unicamente em ti mesmo.: não esperes nada dos outros e alegra-te se o receberes.
9. Não desprezes a pressão do grupo (…)
10. Pratica a moderação e a constância: ser milieurista não é uma condenação, apenas uma situação. Está nas tuas mãos mudá-lo” (p.173
“Grande parte das ajudas recebidas da União Europeia eram destinadas à construção de auto-estradas. (…) Seria suposto falar de fracasso, de falta de sentido, de geração perdida (…) Enquanto cresciam na sombra, ou se ocupavam de trabalhos pesados e mal pagos, a sociedade foi também moldada pela mentalidade milieurista.(…) Com a morte ou a reforma dos Baby Boomers, existirá uma possibilidade dos milieuristas demonstrarem os êxitos da sua educação, do seu requinte, da tecnologia e da globalização. Então, se tudo correr como esta previsto, será o momento de deixar que tudo mude. De ceder o poder, por incómodo e desagradável que pareça, aos Y, para que a situação vivida por eles não se repita e para que o avanço geracional não seja travado. Para que tudo continue igual ou até melhore. (p.246)
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