3/21/2008

CAPITALISMO 7

SOROS, George, A Era da Falibilidade, Coimbra, ed. Almedina, 2008, ca. 17 eos

“Achei que a sociedade aberta estava em perigo nos Estados Unidos – não tanto por causa dos ataques terroristas, mas antes devido à forma como o presidente Bush reagiu a esses ataques. (…) O presidente Bush resolveu invadir o Iraque com pretextos falsos. Quando a nação mais poderosa do mundo distorce a verdade, ignora a opinião mundial e insulta o direito internacional, a ordem mundial corre um grande perigo.” (pág. 135)

“Que acontece entre 1950 e 1980 aos Estados Unidos? (…) atribuiria a transformação sobretudo à ascensão do consumismo e à sua aplicação à política. Desde 1980 que a recusa de encarar a realidade tem sido exacerbada pela globalização. (…) A oferta e a procura deixaram de ser dadas de forma independente, porque a procura foi estimulada artificialmente e os mercados já não lidam com mercadorias mas sim com marcas. (…) As empresas já não supriam necessidades mas sim os desejos e manipulavam e estimulavam esses desejos. (…) Foi assim que se desenvolveu o consumismo. Foi fomentado pelas empresas na sua procura de lucros.
A pouco e pouco, os métodos desenvolvidos para uso comercial descobriram um mercado na política. Este facto alterou a política. A ideia original das eleições era que os candidatos se apresentavam e anunciavam aquilo que defendiam; o eleitorado escolheria então aquele de quem mais gostava. (…) Mas o processo foi corrompido pelos métodos adoptados da vida comercial: grupos-alvo e mensagens apelativas. Os políticos aprenderam a ir ao encontro dos desejos dos eleitores, em vez de proporem as políticas em que acreditavam. Os eleitores não deixaram de ser afectados. (...) Foi assim que a América se tornou hedonista. Foi fomentado pelos políticos que queriam ser eleitos (...) Os Estados Unidos foram também os grandes patrocinadores da globalização que, por sua vez, foi uma dávida para os Estados Unidos. Mas a posição dominante dos Estados Unidos não pode ser conservada por uma sociedade hedonista, incapaz de enfrentar realidades desagradáveis.” (págs. 164/5)

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