REEVES, Hubert, Últimas Notícias do Cosmos, Lisboa, Gradiva, 1995
“Mas, repetimo-lo uma vez mais, a imagem de uma matéria inicialmente confinada a um volume minúsculo e propagando-se no espaço vazio envolvente deve ser rejeitada. Se queremos conservar a imagem da explosão, é preciso modificá-la. Imaginemos antes um espaço contínuo em que cada ponto está em explosão. O universo e homogéneoo e não tem centro.” (pág. 69)
“Quanto mais quente estão os corpos mais energiam irradiam. (…) Sendo mais denso e mais quente, o universo do passado deveria ser por isso mais luminoso (…) Que aconteceu a essa brilhante realização que reinava outrora no espaço? É a pergunta que faz então George Gamow. (…) Rumor atenuado do esplendor original só resta hoje nos céus uma fraca radiação, invisível a nossos olhos. (…) Trata-se de uma radiação emitida por um corpo quente a uma temperatura homogénea. Este corpo isotérmico está disperso à escala do cosmos; a radiação provém uniformemente de todas as direcções” (págs. 111/116)
“Esta isotermia trazia uma notícia boa e uma notícia menos boa. (…) A notícia boa situa-se ao nível de um problema espinhoso: a origem das galáxias. A textura do universo contemporâneo é extremamente granular. A densidade média das galáxias é, pelo menos, um milhão de vezes mais elevada do que a do espaço que a separa. Como explicar a passagem do espaço homogéneo antigo para a não homogeneidade contemporânea? Qual é o mecanismo da germinação das galáxias na miscelânea inicial? Como se acumularam estes “coágulos” na matéria primitiva? Em que momento começaram as massas embrionárias a separar-se? Como evoluíram até ao esplendor das espirais contemporâneas? A física propõe uma resposta: o efeito da gravidade sobre a miscelânea inicial. Um coágulo primordial exerce à sua volta uma força de atracção. Obedecendo a este apelo, a matéria vizinha aproxima-se e junta-se-lhe, aumentando a sua massa e a gravidade. O fenómeno amplia-se por si mesmo. É o efeito “bola de neve”. As galáxias teriam nascido assim.
“Mas, repetimo-lo uma vez mais, a imagem de uma matéria inicialmente confinada a um volume minúsculo e propagando-se no espaço vazio envolvente deve ser rejeitada. Se queremos conservar a imagem da explosão, é preciso modificá-la. Imaginemos antes um espaço contínuo em que cada ponto está em explosão. O universo e homogéneoo e não tem centro.” (pág. 69)
“Quanto mais quente estão os corpos mais energiam irradiam. (…) Sendo mais denso e mais quente, o universo do passado deveria ser por isso mais luminoso (…) Que aconteceu a essa brilhante realização que reinava outrora no espaço? É a pergunta que faz então George Gamow. (…) Rumor atenuado do esplendor original só resta hoje nos céus uma fraca radiação, invisível a nossos olhos. (…) Trata-se de uma radiação emitida por um corpo quente a uma temperatura homogénea. Este corpo isotérmico está disperso à escala do cosmos; a radiação provém uniformemente de todas as direcções” (págs. 111/116)
“Esta isotermia trazia uma notícia boa e uma notícia menos boa. (…) A notícia boa situa-se ao nível de um problema espinhoso: a origem das galáxias. A textura do universo contemporâneo é extremamente granular. A densidade média das galáxias é, pelo menos, um milhão de vezes mais elevada do que a do espaço que a separa. Como explicar a passagem do espaço homogéneo antigo para a não homogeneidade contemporânea? Qual é o mecanismo da germinação das galáxias na miscelânea inicial? Como se acumularam estes “coágulos” na matéria primitiva? Em que momento começaram as massas embrionárias a separar-se? Como evoluíram até ao esplendor das espirais contemporâneas? A física propõe uma resposta: o efeito da gravidade sobre a miscelânea inicial. Um coágulo primordial exerce à sua volta uma força de atracção. Obedecendo a este apelo, a matéria vizinha aproxima-se e junta-se-lhe, aumentando a sua massa e a gravidade. O fenómeno amplia-se por si mesmo. É o efeito “bola de neve”. As galáxias teriam nascido assim.
Notemos desde já que, se a miscelânea é perfeitamente homogénea, nada se desagrega. Como o burro de Buridan, cada partícula atraída de igual modo por todas as que a rodeiam, permanece imóvel. Todavia, se por qualquer razão, a matéria de um dado volume vê a sua densidade tornar-se ligeiramente superior ao meio envolvente, então tudo se modifica e regressa ao ponto de partida… No início são necessários germes de galáxias.
A presença destas estruturas embrionárias deveria manifestar-se muito cedo na evolução do cosmos. A radiação fóssil deveria deixar traços. Daí o embaraço causado pela sua extraordinária isotropia. É a notícia menos boa trazida pelas observações de radiação fóssil.
Visando resolver este problema, foi em 1988 lançado um satélite americano a que foi dado o nome de COBE (Cosmic Background Explorer). Os primeiros resultados, publicados em 1990, confirmam com uma precisão espantosa, a sua natureza térmica.
Em Março de 1992 a equipa científica do COBE anuncia a descoberta tão esperada da granularidade da radiação fóssil. São detectadas também variações de temperatura na proporção de uma parte por cem mil, os germes das grandes estruturas estão mesmo lá.” (págs. 118/122).
“Admitamos que a temperatura do universo tenha atingido num passado longínquo um valor superior a 10 mil milhões de graus. (…) Tais temperaturas têm um efeito desastroso nos núcleos. A agitação térmica é tal que a força nuclear não consegue manter-lhes a coesão. Decompõem-se em protões e neutrões. Nesta época o mundo é constituído por uma sopa homogénea de nucleões, entre os quais pululam electrões, neutrinos e outras partículas elementares. Mas nada de núcleos atómicos. (págs. 153/4)
WEINBERG, Steven, Os três primeiros minutos, Lisboa, Gradiva, 1987
Sobre a matéria escura e a sua possível importância na formação dos germes de galáxias S.W. coloca a hipótese de que a dita matéria poderia acelerar a germinação de galáxias, devido ao facto de não perturbar a isotermia dos céu. Verificou-se, com efeito, que a matéria escura funcionaria como bolsas discretas sobredensas que poderiam servir de núcleos de condensação para as futuras estruturas.
Acerca da impossibilidade de isolar quarks livres diz S.W:
“Se a perca de interacção entre dois quarks diminui à medida que se aproximam, deve também aumentar à medida que se afastam. A energia necessária para afastar um quark dos outros num hadrão vulgar aumenta portanto com a distancia e acaba eventualmente por se tornar suficientemente grande para criar novos pares quark-antiquark a partir do vácuo. No fim acabaremos não com vários quarks livres mas com vários hadrões vulgares. É exactamente como tentar isolar uma extremidade de uma corda. Se se puxar com muita força, a corda parte-se mas o resultado final são duas cordas, cada uma com duas extremidades! Os quarks estavam suficientemente próximos no universo primitivo para não sentirem a interacção e se comportarem como partículas livres. Todavia, todos os quarks livres nesta época, à medida que o universo arrefecia e se expandia, devem ter sido aniquilados por algum anti-quark, ou então terem encontrado um lugar de repouso, um protão ou um neutrão. (p. 159)
A presença destas estruturas embrionárias deveria manifestar-se muito cedo na evolução do cosmos. A radiação fóssil deveria deixar traços. Daí o embaraço causado pela sua extraordinária isotropia. É a notícia menos boa trazida pelas observações de radiação fóssil.
Visando resolver este problema, foi em 1988 lançado um satélite americano a que foi dado o nome de COBE (Cosmic Background Explorer). Os primeiros resultados, publicados em 1990, confirmam com uma precisão espantosa, a sua natureza térmica.
Em Março de 1992 a equipa científica do COBE anuncia a descoberta tão esperada da granularidade da radiação fóssil. São detectadas também variações de temperatura na proporção de uma parte por cem mil, os germes das grandes estruturas estão mesmo lá.” (págs. 118/122).
“Admitamos que a temperatura do universo tenha atingido num passado longínquo um valor superior a 10 mil milhões de graus. (…) Tais temperaturas têm um efeito desastroso nos núcleos. A agitação térmica é tal que a força nuclear não consegue manter-lhes a coesão. Decompõem-se em protões e neutrões. Nesta época o mundo é constituído por uma sopa homogénea de nucleões, entre os quais pululam electrões, neutrinos e outras partículas elementares. Mas nada de núcleos atómicos. (págs. 153/4)
WEINBERG, Steven, Os três primeiros minutos, Lisboa, Gradiva, 1987
Sobre a matéria escura e a sua possível importância na formação dos germes de galáxias S.W. coloca a hipótese de que a dita matéria poderia acelerar a germinação de galáxias, devido ao facto de não perturbar a isotermia dos céu. Verificou-se, com efeito, que a matéria escura funcionaria como bolsas discretas sobredensas que poderiam servir de núcleos de condensação para as futuras estruturas.
Acerca da impossibilidade de isolar quarks livres diz S.W:
“Se a perca de interacção entre dois quarks diminui à medida que se aproximam, deve também aumentar à medida que se afastam. A energia necessária para afastar um quark dos outros num hadrão vulgar aumenta portanto com a distancia e acaba eventualmente por se tornar suficientemente grande para criar novos pares quark-antiquark a partir do vácuo. No fim acabaremos não com vários quarks livres mas com vários hadrões vulgares. É exactamente como tentar isolar uma extremidade de uma corda. Se se puxar com muita força, a corda parte-se mas o resultado final são duas cordas, cada uma com duas extremidades! Os quarks estavam suficientemente próximos no universo primitivo para não sentirem a interacção e se comportarem como partículas livres. Todavia, todos os quarks livres nesta época, à medida que o universo arrefecia e se expandia, devem ter sido aniquilados por algum anti-quark, ou então terem encontrado um lugar de repouso, um protão ou um neutrão. (p. 159)
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