12/31/2010

Cortar o Tempo


Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.


Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante,
vai ser diferente.
              
Carlos Drummond de Andrade

12/28/2010


NAPOLEONI, Loretta, O Fim de Um Mundo. A Falência do Capitalismo?. Lisboa: ed. Presença, 2010 (ca. 151 pp.e 13 euros)

"Injectar dinheiro nos cofres dos bancos como Citigroup, o HBDS e alguns bancos europeus (...) não faz sentido porque a economia irá (...) contrair-se e estes bancos não conseguirão sobreviver  pelo simples facto de que o que os mantinha de pé e os fazia crescer era o jogo financeiro e não a actividade bancária tradicional.
É melhor usar este longo período de recessão para reestruturar o sistema financeiro (...) É melhor racionalizar o sector bancário e salvar apenas a parte que serve para manter a economia à tona de água. Passada a tempestade quem é que nos impede de o privatizar? É o que sugerem muitos economistas, entre os quais Krugman, mas a palavra nacionalização ainda parece sinónimo de socialismo. Se os derivados criaram activos tóxicos porque não aboli-los? Porque é que se há-de obrigar o contribuinte a suportar empresas seguradoras que se comportaram como hedge funds, que criaram e venderam credit default swaps, que na verdade fizeram apostas sobre o pano verde sem ter capital para o fazer? O Estado deve abolir estes produtos e retirar destas empresas a parte seguradora deixando falir o resto. Os prejuízos irão atingir quem estava mais exposto ao risco, bancos e financeiros praticantes de jogos de azar (...) Um olhar sobre a AIG  (a mais importante empresa seguradora americana) ilustra bem este conceito: uma boa parte dos 180 mil milhões de dólares recebidos por ela acabou nos bolsos de bancos que detinham credit default swaps que a AIG não podia honrar. Nem a empresa seguradora nem o governo americano quiseram tornar públicos os nomes dos beneficiários, mas Wall Street sabe bem que se trata de ex-bancos de investimento como o Goldman Sachs e o Merryl Lynch. Se a alta finança se divertia com jogos de azar, então que pague as consequências dessa loucura em vez de sugar os dinheiros que são necessários para a retoma económica" (p.143) 
DAWKINGS, Richard, O Espectáculo da Vida. A Prova da Evolução. Lisboa: Casa das Letras, 2009 (Ca. 420 pp. e 19 euros)


“Mais uma vez peço desculpa por insistir tanto nesta questão mas tenho de o fazer porque mais de 40% da população norte-americana acredita literalmente na Arca de Noé. Devíamos (…) ignorá-los (…) mas (…) eles controlam os conselhos executivos das escolas, preferem que os filhos estudem em casa para os privar de contacto comp professores de ciências qualificados e este grupo inclui membros do Congresso dos Estados Unidos, alguns governadores e até candidatos presidenciais. Esta gente tem dinheiro e poder para construir instalações, universidades (..) E conforme mostram sondagens recentes o Reino Unido não está muito atrás (…) juntamente com porções da Europa e a maior parte do mundo islâmico” (p.246)

“Quando o leitor tem frio, ou apanha um grande susto (…) sente arrepios. Porquê? Porque os seus antepassados eram mamíferos normais cobertos de pêlos que se eriçavam ou baixavam (…) Demasiado frio e os pêlos eriçavam-se (…) Demasiado calor e a pelagem colava-se ao corpo (p. 308)





12/24/2010


Histórias de filmes, por Nair Lúcia de Britto


“SEMPRE A SEU LADO”
(Hackiko – A Dog's Story- EUA-2009)

(…)
o roteiro de “Sempre a seu lado, dirigido por Lasse Hallstrom, foi inspirado numa história real que aconteceu no Japão no começo desse século, com um cachorro de nome Hackiko, e no primeiro filme japonês: Hackiko Monogatari, de 1987.

A versão atual começa quando o professor universitário desce na estação do trem, como faz todos os dias, ao retornar do trabalho. Nesse dia uma surpresa o espera: um cãozinho perdido, bem no meio da estação, junto à caixa que lhe servira de abrigo.

Mesmo contrariando o desejo da esposa, o professor carrega o cachorrinho consigo, a fim de tentar localizar seu dono ou, pelo menos, encontrar alguém que quisesse adotá-lo. Mas seus planos não dão certo e o cãozinho vai ficando na casa dele e conquistando o coração da família.

Profundamente grato pela proteção, carinho e acolhida o cão acompanha
o professor até a estação de trem toda vez que ele sai para o trabalhar; e volta para lá exatamente no horário em que seu dono retorna...

Só que de repente, por força do destino, o professor não volta mais... mas o cão o espera no mesmo lugar, na mesma estação... todos os dias, mês após mês, ano após ano; e ninguém consegue retirá-lo de lá!

O professor da vida real trabalhava na Universidade de Tóquio. E ainda hoje, na estação de Shibuya, existe uma estátua de Hackiko, erguida no mesmo lugar onde o cão esperava pelo dono, sem jamais se cansar nem perder a esperança de vê-lo voltar.

Essa história dele foi levada ao conhecimento das crianças, nas Escolas do Japão, para ensiná-las o valor da lealdade e da verdadeira amizade.


Nair Lúcia de Britto
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12/22/2010

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Decoração de Natal em Lisboa.
Perdida a raíz rural, o simbolo natalício surge despido e desafectado, frio e objectivo, de uma clareza funcional que mais reenvia para um qualquer sinal de trânsito.
Em tempos propôs-se ao edil António Costa a abertura de um concurso entre artistas que decidisse a decoração natalícia. Ao menos, quando se fossem ver as iluminárias, haveria o suspense de ver o enfeite vitorioso, a par com a exposição que apresentaria as maquetas das obras a concurso.
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12/20/2010

MINHA GATA AMARELA











A minha gata é amarela
O que tem de mais bonito...
São os olhos dela!
E o que ela...
Mais gosta de fazer
É tirar uma soneca
Na almofada da sala
Junto da minha boneca

Minha gata amarela
Não fala, nem faz querela
Ela mia, ela corre, ela brinca
Ela olha pela janela
Quando está com fome
Morde a minha canela!
Nhau!!!!!!!!



Nair Lúcia de Britto

12/08/2010

O Tempo, a Natureza e o Trabalho
por: Gonçalo Luís Barra

            


O tempo é o recurso mais escasso que temos. Se ele não for administrado, nada mais poderemos administrar[1].
             Ao longo da história a civilização definiu e utilizou muitas unidades de tempo, nas culturas antigas estava associado ao processo de mudança e enraizado nos ciclos e ritmos da natureza, com destaque para os astronómicos, (v. g., a semana definida como o intervalo entre as duas fases sucessivas da Lua, e o ano, a duração de uma revolução da Terra em volta do Sol)[2]. Na sociedade pré industrial, as actividades vitais confundiam-se com o tempo, com o ritmo da vida e da natureza, que eram um só. Nada traduz melhor essa harmonia do que as palavras do Eclesiastes[3]:
            “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora. Há tempo para nascer, e tempo para morrer. Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou…[4]
            Nalgumas línguas, como a portuguesa, impressionadas com a regularidade da sucessão das estações, utiliza-se a palavra “tempo” para denominar as condições meteorológicas, porque o tempo cronológico se media pelos ciclos precisos da natureza[5].




            Ao longo da Idade Média observa-se uma lenta evolução que afecta, em particular, o trabalho e o tempo[6]. A racionalização do trabalho, própria da sociedade industrial que se anunciava, começa precisamente por se manifestar pela instauração de uma nova relação do homem com o tempo que ameaça as concepções tradicionais, “todo o Ocidente acede ao tempo pela medida”[7]. Pela medida, pela divisão, pela contabilização, pela cronometragem, que permitem a regularidade, a pontualidade, a exactidão, a disciplina, assim foi o tempo domesticado ao serviço da razão[8].
            A evolução da actividade comercial vai impor a substituição, do “tempo da Igreja” pelo “tempo dos comerciantes”[9]. O primeiro, que não estava na disposição do homem, por lhe ser dado pelo divino e pela natureza, limitava a acção humana: impossibilitava a especulação e a esperança do lucro, interditava tanto a usura como o desenvolvimento do crédito. A sociedade urbana sentiu a “necessidade de adaptar-se à evolução económica, mais precisamente às condições do trabalho urbano”[10], opondo-se a um tempo do trabalho que era “O tempo de uma economia ainda dominada pelos ritmos agrários, sem pressas, sem preocupações de exactidão, sem inquietações de produtividade – e o de uma sociedade à sua imagem, sóbria e pudica, sem grandes apetites, pouco exigente, pouco capaz de esforços quantitativos”[11].
            Será a partir do século XIII que o tempo de trabalho dos ritmos agrários entrará em crise. No séc. XIV, o relógio vai introduzir as horas certas, o que representa uma novidade radical. Até então, a divisão do dia em horas diferentes, a diurna e a nocturna, significava que a duração das horas era desigual ao longo do ano. Ora o novo conceito do tempo carecia de uma precisa divisão, uma medição rigorosa que só os novos relógios mecânicos podiam proporcionar[12].
            O primeiro relógio que dava horas iguais foi instalado na Igreja de São Gotardo, em Milão, em 1335. Em Paris, o relógio do novo tipo chegou em 1370 e deixou o Rei Carlos V tão satisfeito, que logo mandou construir mais dois relógios que dessem as horas ao mesmo tempo “a fim de que os habitantes da capital regulassem a sua vida privada e as suas actividades profissionais por um único e mesmo ritmo”[13]. A introdução dos relógios, que pontuam a passagem das horas com as badaladas dos sinos, muda a relação dos homens com o trabalho. Os limites da prestação de trabalho podem, a partir de então, abandonar progressivamente os limites da luz do dia, para seguir a nova unidade de medida: a hora[14], “doravante a via está aberta para uma redução teórica do trabalho ao tempo”[15].
            Leon Alberti foi um dos sócios de uma empresa italiana de mercadores do início do século XV e a sua correspondência sobreviveu até aos nossos dias. Da leitura das suas cartas fica claro que o jovem Alberti merece ser reconhecido como um pioneiro da moderna gestão do tempo. «De manhã quando acordo» – escreveu ele – «a primeira coisa que faço é pensar: o que é que vou fazer hoje? Estas coisas: conto-as, penso nelas e a cada uma atribuo o seu tempo». E continuava: «Prefiro perder o sono do que tempo, isto é, tempo necessário para fazer o que tenho que fazer». Coisas como comer e dormir sempre podem ser feitas no dia seguinte, mas o mesmo não se passa com os negócios. Alberti estabeleceu uma regra: «Observar o tempo e distribui-lo pelas várias coisas a fazer, devotar-me ao negócio e nunca perder uma hora». Com entusiasmo concluiu: «Quem souber como não perder o tempo será senhor de tudo o que quiser»[16].


            O pêndulo é, melhor do que qualquer outro, o símbolo da ciência renascentista, de uma nova inquirição sobre os mistérios da natureza e os poderes humanos para capturar e representar o seu funcionamento. Diz a lenda que Galileo Galilei, quando estava a assistir a uma missa na Catedral de Pisa em 1583, observou a constância do período de um castiçal pendurado do tecto quando sujeito a pequenas oscilações, comparando-o com as suas próprias pulsações, interessado no tema: a ele se refere em 1632 no Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, e, cinco anos mais tarde, define que, para pequenas amplitudes, o quadrado do período de oscilação é proporcional ao comprimento do braço do pêndulo – uma vez mais, a constância de Pisa. Galileo terá utilizado estas suas descobertas para conceber um mecanismo para o relógio, e Leopoldo de Médici reivindicou asperamente a prioridade do seu protegido na invenção desse artefacto, contra a opinião dominante que atribuiu a Huygens esse sucesso[17].
            Tenha ou não sido Galileo o primeiro a concebê-lo, foi Christiaan Huygens quem formalizou o movimento do pêndulo como regulador dos relógios e construiu um protótipo em 1656. Huyguens era uma das grandes figuras da ciência e da técnica desse período: correspondente de Newton e Leibniz, trabalhou em diversos campos, e o do pêndulo foi um dos que mais o distinguiram. Em 1658, discutiu os seus resultados preliminares num livro, Horologium, e, depois, no magistral Horologium Oscillatorium de 1673, voltou a apresentar os seus progressos. Em 1675 construiu finalmente um relógio e ofereceu a Luís XIV[18].




            Assim, o pêndulo ilustra bem os dois princípios fundamentais da ciência moderna: o novo conhecimento podia ser aplicado a engenhos mecânicos capazes de transformar o movimento e de se subordinar às conveniências da produção, e permitia medir o tempo, outros cientistas, porventura os mais destacados da sua geração, dedicavam-se a pesquisas complementares sobre pêndulos: Isaac Newton discutia em 1687, no seu Principia Mathematica os resultados da colisão de dois pêndulos para estudar a relação entre dois corpos, a formulação da Segunda Lei constituiu uma base para a descrição do sistema dinâmico com vários graus de liberdade, embora então se estivesse ainda longe de compreender as potencialidades desta nova ciência[19].
            Sir Isaac Newton adoptou um ponto de vista mais abstracto e mecanicista. «Tempo absoluto, verdadeiro e matemático, fluindo igualmente sem relação com qualquer coisa externa» foi a forma como se exprimiu[20].

            Kant, plenamente convencido da verdade e indiscutibilidade da física newtoniana,  julgava ver confirmada a chave da respectiva validade na ideia de que o espaço e o tempo em si não são coisas nem processos. Não podem sequer ser observados, possuem uma natureza totalmente distinta, representam uma espécie de enquadramento para as coisas e os processos, embora as nossas representações (individuais) de espaço e de tempo não se apliquem ao universo como um todo[21].
           


            Quando Adam Smith deu o seu contributo para a formação do conceito moderno do trabalho, vai ligá-lo ao tempo, definindo-o em termos abstractos e homogéneos. De facto, a definição económica de trabalho, formulada pelos novos economistas do séc. XVIII e XIX, tem um objectivo instrumental: encontrar uma unidade de medida que permita calcular e medir o seu valor económico e assim fundar bases estáveis de troca[22]. De tal modo assim é, que se defende que, nas sociedades modernas, “o trabalho não é apenas como o tempo, é o tempo”[23].
            O capitalismo industrial foi a primeira civilização baseada no tempo do relógio e não no tempo do calendário. O relógio foi a glória da ciência renascentista e marcou científica e industrialmente a nova era da modernidade[24].
            «Lembre-se de que tempo é dinheiro – escreveu Benjamin Franklin em Advice to a Young Tradesman (1745). Em 1723 Franklin fugira da casa dos pais puritanos de Nova Inglaterra, mas antes observara as virtudes puritanas da fragilidade, diligência e rectidão. Os filhos e os netos dos puritanos, respirando o ar mais secular do século XVIII, não abandonaram o princípio de gerir o tempo, apenas lhe mudaram os fins. Em vez da glória e do prazer de Deus neste mundo e no outro, passaram a seguir os objectivos mais mundanos da riqueza, saúde e felicidade. «Ama a vida?» – pergunta Franklin. «Então não malbarate o tempo, porque é dele que a vida é feita»[25].




            Quando se produz para um mercado e se visa o lucro, tudo se orienta em função de um cálculo: produzir mais, em menos tempo, com um custo mínimo. O trabalho racionaliza-se. Impõe-se a racionalidade económica. Neste quadro, a resistência do modelo corporativo às pressões do sistema económico, compreensivelmente, não se eternizou. O seu regime, constituído por vínculos que constrangiam o trabalho e a produção, contrariava o objectivo do aumento da produção e, assim, opunha-se à própria dinâmica do sistema capitalista, que supõe o crescimento económico e a acumulação do capital. A inovação dos métodos, a criação de novos produtos, a geração de necessidades, a abertura de mercados, constituem o impulso económico do capitalismo[26].
            A forma especificamente moderna do capitalismo ocidental foi evidentemente determinada em larga medida pelo desenvolvimento das possibilidades técnicas”[27]. Quanto mais se evoluísse em termos científicos e técnicos, maiores possibilidades haveria de acumulação e de crescimento mas, simultaneamente, mais se sentia o empecilho de um sistema social pré-capitalista. A emancipação do económico, a sua separação do político, é a consequência da nova mentalidade. A novidade introduzida pelo espírito capitalista é, “redução da realidade à contabilidade”[28], o que pretende traduzir a ideia do imperativo da análise custo-benefício que corresponde à racionalidade económica[29].
             O capitalismo desenvolve a racionalidade do comportamento, e fá-lo através de dois meios inter-relacionados: em primeiro lugar, eleva a unidade monetária à dignidade de unidade de conta, assim criando um instrumento de cálculo racional de custos e lucros; em segundo lugar, esse cálculo contabilístico, pelo seu poder de clarificação e de precisão aritmética, imprime um vigoroso impulso à lógica da empresa[30].
            Não obstante a observada racionalidade económica construída sobre o tempo cronológico, a noção de ritmos de vida continua omnipresente na Natureza: a alternância da vida e da morte, da inspiração e da expiração, do fluxo e do refluxo das marés, do dia e da noite, ritmo da Lua, ciclo das estações. Quer se trate de rotações dos planetas à volta das estrelas ou das oscilações moleculares extremamente rápidas, praticamente tudo no universo é rítmico. A actividade periódica é assim uma propriedade fundamental da matéria viva. A estes ritmos chama-se «ritmos biológicos» e o ramo da Biologia que os estuda chama-se a cronobiologia (do grego chronos, que significa tempo, bio, a vida, e logos, o estudo ou a ciência) [31].  

            Um dos ritmos principais na Terra é o ciclo nictemeral (do grego nuctos, noite, e hemera, dia) da alternância do dia e da noite. Este ritmo é de vinte e quatro horas, duração necessária para que a Terra efectue uma rotação sobre si própria no espaço. Este ritmo regula a actividade e o repouso da maioria das espécies vivas da Terra. É em grande parte regulado pela luz do dia. Com efeito, foi demonstrado de isolamento total, que deixaram de ter a alternância dia/noite, e livres de viver como lhes apetecer, já não vivem segundo um ciclo de vinte e quatro horas, mas segundo um ciclo diferente[32].


















            O estudo do tempo psicológico cobre um campo muito vasto, indo dos aspectos comportamentais dos ritmos biológicos (ritmos de actividade locomotora), no quadro da cronobiologia, até às representações antecipadas do futuro, que no homem constituem o horizonte temporal, passando pelos condicionamentos, de duração e regulações temporais adquiridas, a imitação e a produção de ritmos (actos repetitivos estereotipados do deficiente mental ou construções estéticas refinadas, do músico ou do bailarino), as estimativas do tempo estudadas pela psicofísica, a formação do conceito de tempo no decurso do desenvolvimento cognitivo, o domínio das relações temporais na linguagem, a organização temporal das lembranças na memória, sem esquecer a análise do decurso temporal das actividades motoras ou mentais. O que liga estes aspectos muito diferentes do tempo psicológico continua a ser matéria de especulação[33].

            Não parece, no entanto, haver dúvida de que na base dos ajustamentos comportamentais e das estimativas do tempo se encontra(m) um ou mais mecanismos que, do mesmo modo que o relógio biológico postulado pela cronobiologia fornece a base do tempo de referência. Dela seria devedora a experiência imediata da duração, à qual se sobreporiam as elaborações mais complexas, tais como o conceito de tempo a nível cognitivo, pondo em jogo relações entre distância, velocidade e duração, ou entre estimativas da duração e natureza dos seus conteúdos (riqueza de mudanças, actividade mais ou menos motivante, etc.)[34].







            As pessoas trabalham cerca de um terço do tempo total de cada dia, de Segunda a Sexta-feira, envolvendo-se em actividades significativas e ultrapassando dificuldades. A distribuição de tal quantidade diária de tempo de trabalho marca o ritmo do dia de cada pessoa, desde a hora de despertar à hora de recolhimento, e toma-lhe o período do dia em que está mais activa. O trabalho estabelece ainda o ritmo da semana de cada pessoa, não só fixando classicamente os dias de descanso no Sábado e no Domingo, mas também caracterizando determinados dias, como o primeiro dia de trabalho, o pico da semana, o dia de “desaceleração”. Da mesma forma, o trabalho regula o ritmo anual dos indivíduos através da demarcação dos períodos de férias e dos períodos de actividades específicas (balanços, planificações, épocas de maior actividade, etc.). Finalmente, o trabalho define o ritmo da própria vida das pessoas: a infância e o percurso escolar são entendidos socialmente como momentos formadores e estruturantes indispensáveis aos cidadãos que trabalham; o período em que todas as capacidades da pessoa se encontram potenciadas e em que ela é mais produtiva é devotado ao trabalho; um dos critérios (erradamente) dominantes para definir a velhice é a reforma, ou seja, o abandono da vida do trabalho. Com efeito, a “vida activa” de uma pessoa significa o seu compromisso e envolvimento no trabalho, como se a infância e a velhice fossem sinónimos de inactividade…[35].

            O tempo psicológico tornou-se o centro do interesse em psicologia aplicada, nomeadamente no contexto de situações que implicam perturbações do ritmo, por modificação ou supressão dos sincronizadores (horários de trabalho escalonados, passagem de fusos horários, estadas prolongadas no espaço ou em habitáculos isolados, etc.), perturbações que se repercutem nos desempenhos e nos estados de humor, ou, na perspectiva da gestão do tempo que faz eco nas pesquisas sobre distribuição temporal das actividades no animal[36].
           
            A invenção da luz artificial que devemos a Edison, há cerca de um século, constitui sem dúvida um grande progresso para a Humanidade. Mas esta invenção genial, por introduzir condições de iluminação diferentes da iluminação natural, é certamente em parte responsável pelo desregramento do nosso sono e dos nossos ritmos biológicos. A luz artificial permite não respeitar os nossos ritmos biológicos e pode modificar o funcionamento dos nossos relógios internos[37].

            O cérebro humano, tal como o de todos os vertebrados, alterna incessantemente entre a vigília e o sono. Estamos acordados e activos durante o dia, e adormecidos à noite. No decurso do período despertado, durante o dia[38], o cérebro recebe um grande número de informações provenientes do exterior: sons, imagens, sensações… integra-as e envia a resposta adequada. A actividade metabólica é então orientada para o dispêndio de energia. Pelo contrário, à noite, no decurso do período adormecido, o cérebro repousa e a actividade metabólica é orientada para a renovação e o crescimento dos tecidos. Estes dois estados – a vigília e o sono – sucedem-se um ao outro toda a vida e têm a sua razão de ser[39].

            Até uma época recente, pensava-se que apenas importava a duração quotidiana do sono e que era indiferente dormir numa altura ou noutra. Contentávamo-nos, pois, na idade adulta, em dormir à noite. O desenvolvimento recente da cronobiologia mostra que é primordial uma boa repartição do sono durante o dia[40].






             De facto, o despertar e o adormecer estão submetidos a ritmos biológicos precisos, dos quais a alternância dia/noite apenas é o elemento principal. Existem ritmos secundários: em particular, todos os 90 minutos, o nosso cérebro liberta hormonas que facilitam a chegada do sono. Por isso é que as crianças não podem concentrar-se mais do que uma hora e meia na escola, e daqui a necessidade de fazer intervalos quase de hora a hora. O mesmo sucede na idade adulta: por este motivo é que um condutor deve descansar todas as horas na auto-estrada porque depois de cerca de hora e meia de condução, a vigilância e os reflexos diminuem[41].

            O sono é, pois, regido por vários ritmos biológicos, sendo o principal o ritmo circadiano (ciclo de 24 horas). Contudo, como é o caso das marés, não existe apenas uma alternância vigília /sono por dia, mas em geral várias: o recém-nascido deve dormir várias vezes ao dia e, na idade adulta, subiste um sono principal nocturno e um «sono pequeno» a meio do dia, a sesta. A publicação dos trabalhos de Lehman, um investigador Americano, demonstrou que a curva de eficácia no trabalho diminui nitidamente no começo da tarde, entre as 14 e as 16 horas aproximadamente[42]. A actividade geral, os desempenhos cognitivos, os estados de vigilância e de humor variam paralelamente à maior parte das funções fisiológicas no decurso dos ciclos circadiano, ultradiano e infradiano. O alcance prático da cronobiologia e do seu carácter psicológico impôs-se rapidamente face a situações da vida moderna: fusos horários nas viagens aéreas, trabalho nocturno, missões prolongadas em meios radicalmente modificados (ex. viagens aeroespaciais)[43].

            O objectivo de qualquer ciência, quer se trate de ciências naturais, quer da psicologia, é coordenar os dados da nossa experiência, e integrá-los num sistema lógico. Como é que estão relacionadas as nossas ideias habituais de espaço e tempo com o carácter dos nossos estados de consciência[44]?

            Os estados de consciência de um indivíduo aparecem-nos dispostos numa série de acontecimentos na qual cada estado particular acessível à nossa memória parece estar disposto segundo um critério irredutível de «antes» e «depois». Existe assim, para cada indivíduo, um tempo pessoal, um tempo subjectivo. Um tal tempo não é em si mensurável, embora seja possível associar números diferentes aos diferentes acontecimentos por forma que um número maior seja associado a um acontecimento produzido «depois» do que o correspondente ao acontecimento produzido «antes», mas a natureza desta associação é perfeitamente arbitrária. Pode definir-se esta associação por meio de um relógio, comparando a ordem dos acontecimentos fornecidos pelo relógio com a ordem da série considerada de acontecimentos[45].

            Um relógio é um corpo físico, ou um sistema, neste mesmo sentido, com a propriedade adicional de serem iguais os acontecimentos que constituem a série de acontecimentos que ele deve contar[46]. Entende-se relógio, qualquer objecto que forneça uma série de acontecimentos que possam ser contados[47]. O tempo objectivo, o dos relógios, é o único sobre o qual toda a gente se pode pôr de acordo[48].
           
            Na teoria de Newton espaço e tempo estavam separados; o espaço tinha três dimensões e o tempo, uma. Além disso, as distâncias no espaço eram as mesmas para todos os observadores, independentemente dos seus movimentos, assim como o tempo era o mesmo para todos (simultaneidade absoluta[49]). Einstein demonstrou que tal não é verdade, ou seja, para dois observadores em movimento relativo um ao outro, o espaço e o tempo são diferentes[50].




            Para percebermos porquê, começaremos pelo que se designa por «evento». Um evento é algo especificado por um lugar e um tempo. Por exemplo, se se encontrar alguém no cruzamento da Rua X com a Rua Y, às 17h, isto é um evento, pois o espaço e o tempo foram especificados[51].

            Na Terra, em regra, apenas necessitamos de duas dimensões (a Rua X e a Rua Y, que são perpendiculares entre si) para especificar um lugar, porque estamos a considerar a superfície do planeta. Na realidade existe uma terceira dimensão, a altitude. O espaço, então, tem três dimensões: da esquerda para a direita, de cima para baixo e de frente para trás. O tempo, contudo, segue apenas numa direcção, sempre em frente, pelo que é unidimensional[52].

            É talvez por isso se diz que o tempo é um recurso escasso, insubstituível e irreversível[53].

            Para entender a medição do tempo, importa referir que o Sol nasce a leste e põe-se a oeste, porque a Terra gira em torno do seu eixo (rotação axial) no sentido oeste-leste. Este movimento de rotação está na origem da sucessão do dia e da noite[54].










            A rotação axial da Terra e a sua rotação à volta do Sol fornecem duas unidades fundamentais de medição do tempo: o dia e o ano. Determinam igualmente o ritmo das estações e das glaciações. Uma rotação da Terra sobre o seu próprio eixo – período de tempo entre um nascer do Sol e o seguinte – determina a definição da duração do dia. O ano é definido pelo tempo que a Terra leva a descrever uma revolução completa em torno do Sol. Hoje em dia, porém, os astrónomos definem o dia e o ano em unidades de tempo, recorrendo a instrumentos de precisão designados por relógios atómicos[55]. Por este motivo coexistem actualmente diversos «tempos»[56].

            Astronomicamente falando, existem duas espécies de dia, definindo duas variedades de tempo. Há de um lado, o dia solar médio, que dura 24 horas e é o tempo que separa duas passagens consecutivas do Sol médio, um Sol de órbita fictícia cujo movimento é uniforme no meridiano. Há por outro lado, o dia sideral, que representa duas passagens sucessivas de uma estrela no meridiano que vale  23h 56 m 4 s[57].

            O dia sideral é, portanto, mais curto 3 m 56 s, relativamente ao dia solar médio, diferença que tanto se deve ao facto de a Terra, rodando à volta dos Sol, ter que realizar uma fracção de volta suplementar sobre si mesma para que o Sol retome a mesma posição no céu, em relação a um determinado observador. Para obter a hora média basta juntar à hora solar verdadeira um valor variável segundo a época do ano chamado equação do tempo[58].

            A equação do tempo é máxima em 11 de Fevereiro, +14 m 20 s, e em 3 de Novembro, -16 m 20 s, mas anula-se quatro vezes por ano, a 16 de Abril, 14 de Junho, 1 de Setembro e 24 de Dezembro, quando o dia solar verdadeiro é igual ao dia solar médio. (Quanto ao ano sideral, é o tempo que no seu movimento aparente o Sol leva para retomar o mesmo lugar entre as estrelas e vale 365 dia 6 h 9 m 9 s)[59].
            Girando a Terra sobre si mesma e descrevendo uma circunferência em 24 horas, uma hora corresponde a um ângulo de rotação de 15º (24 h: 360º, ou seja, 15º por hora). Uma diferença de 1º de longitude corresponde, portanto, a 4 minutos (60 minutos: 15º, ou seja, 4 minutos por grau). Quando o Sol atingiu o seu zénite, é exactamente meio-dia pela hora solar. É, pois, meio-dia no mesmo instante em todos os locais situados em igual meridiano[60].

            O terceiro ritmo elementar é-nos fornecido não pela Terra, mas pela Lua cujo ciclo completo de fases tem a duração de 29,5 dias e constitui a base dos meses. Como o calendário ocidental moderno não podia utilizar uma unidade de 29,5 dias, tornou-se difícil fixar a duração exacta do ano, que é ligeiramente inferior a 365 dias e um quarto. Foi por isso que se criaram os anos bissextos, nos quais se adiciona um dia no fim de Fevereiro. No entanto, como ocorrem de quatro em quatro anos, os anos bissextos não acertam o calendário em sintonia com o Sol. Para ultrapassar esse obstáculo, determinou-se que o ano bissexto fosse omitido nos anos de final de século que, embora divisíveis por quatro, não o fossem por 400[61].

            Apesar de todas estas correcções, a duração média do ano de calendário apresenta um desvio de 26 segundos em relação ao ano definido pela rotação da Terra à volta do Sol, desvio esse que levará à diferença de um dia no ano de 4906[62].
           
            Mesmo tendo como medida o mostrador do relógio, segundo a longitude onde se encontre o observador, a hora é evidentemente diferente, pois a Terra gira sobre si própria e todos os lugares não são, pois, iluminados ao mesmo tempo[63]. Outrora cada cidade tinha a sua hora própria, dita hora local, mas o desenvolvimento dos meios de comunicação tornou esta situação impossível e a Convenção de Washington de 1884, dividiu a terra em 24 fusos horários[64].
            A hora permanece a mesma no interior de um dado fuso e os diferentes países adoptam como hora legal a do fuso horário no qual se encontra a sua capital, salvo para certos países muito vastos, como os EUA (que tem 4[65]) ou a China. No interior de cada fuso horário é assim definida uma hora legal, a partir de 1968, todos os países da Europa situados no fuso zero, passaram a adoptar a mesma hora[66], que se distancia por vezes meia hora relativamente à hora solar[67].

            Definiu-se também um tempo civil[68] ou tempo universal, abreviatura TU, que permite fixar a hora de um acontecimento, terrestre ou celeste, independentemente da hora que for no lugar de observação. Por definição, o tempo universal é a hora de Greeenwich, quer dizer, a hora do meridiano zero ou fuso zero[69], (i. é, entre – 7º 30’ e + 7.º 30’[70]) correspondendo ao obsoleto tempo médio de Greenwich, abreviado TMG[71].

            O estudo dos processos físicos subatómicos, a observação da interferometria de corpos celestes ou do funcionamento das telecomunicações exigem uma precisão maior do que a do tempo universal, pelo que coexiste um outro tempo, o tempo atómico, abreviado TA, determinado pelos relógios atómicos de jacto de Césio[72].






[1] MACKENZIE, R. Alec, Managing Time at the Top, Presidents Association, Nova York, 1970, apud, D’SOUZA, Anthony, Liderar com Eficácia, Edições Loyola, São Paulo, 1996, ps. 109,
[2] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172.
[3] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 25.
[4] Eclesiastes, 3:1, apud DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 25.
[5] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 25.

[6] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 25.
[7] LÉVINAS, Emmanuel, Dieu la Mort et le Temps, Éditions Grasset et Fasquelle, Paris, 1993, p. 65, apud DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e As Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 26.
[8] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e As Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 26.
[9] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e As Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 26.
[10] LE GOFF, Jacques, Para Um Novo Conceito de Idade Média, Editorial Estampa, 1980, p. 62, apud DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e As Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 26.
[11] LE GOFF, Jacques, Para Um Novo Conceito de Idade Média, Editorial Estampa, 1980, ps. 62-63, apud DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e As Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[12] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[13] GIMPEL, Jean, A Revolução Industrial na Idade Média, Publicações Europa América, Mem Martins, 1976, p. 163, apud DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[14] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[15] ECKERT, Henri, Centralité du du Travail, ou Centralité du Salariat?, em Le Travail à l’Épreuve du Salariat, direcção de Paul Bouffartigue e Henri Eckert, L’Harmattan, Paris, 1997, p. 62, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[16] ADAIR, John, A Gestão Eficiente do Tempo, 2.ª edição, Publicações Europa América, Mem Martins, s/data, depósito legal  n.º 100075/96, p. 24.

[17] LOUÇÃ, Francisco, Coisa da Mecânica Misteriosa…, Edições Afrontamento, Fevereiro de 2000, p. 11.
[18] LOUÇÃ, Francisco, Coisa da Mecânica Misteriosa…, Edições Afrontamento, Fevereiro de 2000, p. 11.
[19] LOUÇÃ, Francisco, Coisa da Mecânica Misteriosa…, Edições Afrontamento, Fevereiro de 2000, p. 12.
[20] DAVIES, Paul, Como construir uma máquina do tempo, Gradiva, Lisboa, 2003, p. 16. // Segundo Kant a física newtoniana, muito embora se confirme pela pela observação, ela não é, no entanto, o resultado de observações mas sim dos nossos próprios métodos de pensar, dos métodos que utilizamos para ordenar as nossas impressões sensoriais, para estabelecermos entre elas uma relação, as assimilarmos, as compreendermos. Não são os dados s«dos sentidos, mas o nosso próprio entendimento - a organização e a constituição do nosso sistema mental de assimilação -  que é responsável pelas teorias científicas. A natureza que conhecemos com a ordem e as suas leis, é o resultado duma actividade ordenadora e assimiladora do nosso intelecto. A formulação desta ideia tal como Kant a fez é brilhante: «O entendimento cria as suas leis... não a partir da natureza, mas prescreve-as à natureza. Cfr. R. POPPER, Karl, Em Busca de Um Mundo Melhor, 3.ª Edição, Editorial Fragmentos, Lda., Lisboa, Novembro de 1992, p. 122.
[21] Cfr. R. POPPER, Karl, Em Busca de Um Mundo Melhor, 3.ª Edição, Editorial Fragmentos, Lda., Lisboa, Novembro de 1992, p. 120, e 121.

[22] DAUNE-RICHARD, Anne Marie, Travail et Citoyenneté: Un Enjeu Sexué Hier et Aujourd’hui, em Le Travail à l’Épreuve du Salariat, direcção de Paul Bouffartigue e Henri Eckert, L’Harmattan, Paris, 1997, p. 95, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[23] Méda, Dominique, Le Travail, Une Valeur en Voie de Disparition, Aubier, Paris, 1995, p. 63, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 27.
[24] MARX, Karl, 1867:64, sem correspondência na relação de autores citados, apud, LOUÇÃ, Francisco, Coisa da Mecânica Misteriosa…, Edições Afrontamento, Fevereiro de 2000, p. 14.
[25] ADAIR, John, A Gestão Eficiente do Tempo, 2.ª edição, Publicações Europa América, Mem Martins, s/data, depósito legal  n.º 100075/96, p. 25.
[26] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 28.
[27] WEBER, Max, O Espírito Protestante e a Ética do Capitalismo, Editorial Presença, Lisboa, 1983, p. 16, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 28.
[28] GORZ, André, Métamorphoses du Travail, Quête du Sens – Critique de la Raison Economique, Éditions Galilée, Paris, 1995, p. 32, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 28.
[29] DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 28.
[30] SHUMPETER, Joseph A., Capitalisme, Socialisme et Démocratie, Editions Payot, Paris, 1972, p. 170, apud, DE MOURA JACINTO, José Luís, O Trabalho e as Relações Internacionais, ISCSP, Lisboa, 2002, p. 29.
[31] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, ps. 44, e 45.
[32] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, p. 46.
[33] DORON, Roland, PAROT, François, Dicionário de Psicologia, CLIMEPSI, Lisboa, 1.ª edição, Outubro de 2001, p. 735, apud, RICHELLE, M., tempo.
[34] DORON, Roland, PAROT, François, Dicionário de Psicologia, CLIMEPSI, Lisboa, 1.ª edição, Outubro de 2001, p. 735, apud, RICHELLE, M., tempo.
[35] RAMOS, Marco, Desafiar o Desafio…, Editora RH, Lisboa, 2001, p. 63.
[36] DORON, Roland, PAROT, François, Dicionário de Psicologia, CLIMEPSI, Lisboa, 1.ª edição, Outubro de 2001, p. 735, apud, RICHELLE, M., tempo. Acerca de experiências em estado de isolamento total, ver COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, ps. 55, e 56.
[37] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, p. 47.
[38] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, p. 47.
[39] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, ps. 47, e 48.
[40] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, p. 48.
[41] COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, ps. 48, e 49.
[42] LEHMAN, G., Biological Cycles and Performances of Work, Nova Iorque, 1962, p. 285, apud, COMBY, Bruno, O Elogio da Sesta, Livros do Brasil, Lisboa, 1993, p. 49.
[43] DORON, Roland, PAROT, François, Dicionário de Psicologia, CLIMEPSI, Lisboa, 1.ª edição, Outubro de 2001, p. 197, apud, RICHELLE, M., cronobiologia.
[44] EINSTEIN, Albert, O Significado da Relatividade, na tradução de: SILVA, Mário, Gradiva, Lisboa, 2003, p. 11.
[45] EINSTEIN, Albert, O Significado da Relatividade, na tradução de: SILVA, Mário, Gradiva, Lisboa, 2003, ps. 11, e 12.
[46] EINSTEIN, Albert, O Significado da Relatividade, na tradução de: SILVA, Mário, Gradiva, Lisboa, 2003, p. 12.
[47] Neste sentido, EINSTEIN, Albert, O Significado da Relatividade, na tradução de: SILVA, Mário, Gradiva, Lisboa, 2003, ps. 11 e 12.
[48] GAUQUELIN, Michel e Françoise, e outros, Dicionário de Psicologia, Verbo, Lisboa – São Paulo, 1980, p. 537.
[49] SILVA, Mário, na tradução de EINSTEIN, Albert, O Significado da Relatividade, Gradiva, Lisboa, 2003, p. 8.
[50] PARKER, Barry, A Descoberta De Einstein…, Edições 70, Lisboa, s/ data, Depósito Legal n.º 188389/02, p. 63.
[51] Neste sentido, PARKER, Barry, A Descoberta De Einstein…, Edições 70, Lisboa, s/ data, Depósito Legal n.º 188389/02, p. 63.
[52] Neste sentido, PARKER, Barry, A Descoberta De Einstein…, Edições 70, Lisboa, s/ data, Depósito Legal n.º 188389/02, p. 63.
[53] Ver ADAIR, John, A Gestão Eficiente do Tempo, 2.ª edição, Publicações Europa América, Mem Martins, s/data, depósito legal  n.º 100075/96, p. 17.
[54] Neste sentido, BÖCHER, Steen B., HOFFMEYER, Henrik B., Scan Globe A/S,, Dinamarca, 1976, p. 9.
[55] Neste sentido, Grande Atlas do Mundo, Público/Planeta Agostini, vários Autores, Direcção da edição portuguesa, NOBRE, José, VITORINO, Nuno, 1982 – 1988 – 1993, p. 4.
[56] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172.
[57] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172.
[58] Ver A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172.
[59] Ver A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172.
[60] BÖCHER, Steen B., HOFFMEYER, Henrik B., Scan Globe A/S,, Dinamarca, 1976, p. 9.
[61] Neste sentido, Grande Atlas do Mundo, Público/Planeta Agostini, vários Autores, Direcção da edição portuguesa, NOBRE, José, VITORINO, Nuno, 1982 – 1988 – 1993, p. 4.
[62] Grande Atlas do Mundo, Público/Planeta Agostini, vários Autores, Direcção da edição portuguesa, NOBRE, José, VITORINO, Nuno, 1982 – 1988 – 1993, p. 4.
[63] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172, e 8173.
[64] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[65] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[66] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[67] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172, e 8173.
[68] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[69] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[70] Ver, PERESTELLO BOTELHEIRO, A., Fuso Horário, Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, s/ data, depósito legal: B 39.233-1977, vol. 8, p. 1831.
[71] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172, e 8173.
[72] A Enciclopédia Público, Editorial Verbo/Público, Vol. 19, Lisboa, 2004, p. 8172, e 8173.

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