"Injectar dinheiro nos cofres dos bancos como Citigroup, o HBDS e alguns bancos europeus (...) não faz sentido porque a economia irá (...) contrair-se e estes bancos não conseguirão sobreviver pelo simples facto de que o que os mantinha de pé e os fazia crescer era o jogo financeiro e não a actividade bancária tradicional.
É melhor usar este longo período de recessão para reestruturar o sistema financeiro (...) É melhor racionalizar o sector bancário e salvar apenas a parte que serve para manter a economia à tona de água. Passada a tempestade quem é que nos impede de o privatizar? É o que sugerem muitos economistas, entre os quais Krugman, mas a palavra nacionalização ainda parece sinónimo de socialismo. Se os derivados criaram activos tóxicos porque não aboli-los? Porque é que se há-de obrigar o contribuinte a suportar empresas seguradoras que se comportaram como hedge funds, que criaram e venderam credit default swaps, que na verdade fizeram apostas sobre o pano verde sem ter capital para o fazer? O Estado deve abolir estes produtos e retirar destas empresas a parte seguradora deixando falir o resto. Os prejuízos irão atingir quem estava mais exposto ao risco, bancos e financeiros praticantes de jogos de azar (...) Um olhar sobre a AIG (a mais importante empresa seguradora americana) ilustra bem este conceito: uma boa parte dos 180 mil milhões de dólares recebidos por ela acabou nos bolsos de bancos que detinham credit default swaps que a AIG não podia honrar. Nem a empresa seguradora nem o governo americano quiseram tornar públicos os nomes dos beneficiários, mas Wall Street sabe bem que se trata de ex-bancos de investimento como o Goldman Sachs e o Merryl Lynch. Se a alta finança se divertia com jogos de azar, então que pague as consequências dessa loucura em vez de sugar os dinheiros que são necessários para a retoma económica" (p.143)
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