TODD, Emmanuel, Após o Império – Ensaio sobre a decomposição do sistema americano, Lisboa, Ed. 70, 2002 (ca. 200 pp. e ca. 15 euros)
(…) A tendencia para a estagnação da procura resultante do comércio livre e da compressão dos salários é uma evidencia, o que explica a diminuição regular das taxas de crescimento mundial e as suas recessões cada vez mais frequentes. (..) Porque é realmente a estagnação da procura à escala mundial que permite aos Estados Unidos justificar o seu papel de regulador e de predador da economia “globalizada” e que os autoriza a assumir e reivindicar a função de um Estado keynesiano planetário.
(…) Esta evolução imperial da economia, que não deixa de lembrar a de Roma logo após a conquista da bacia mediterrânica, afectou de maneiras diferentes os diferentes sectores da sociedade e da economia americana. A indústria e a classe operária até então considerada integrada nas classes médias foram atingidas em cheio. A sua desintegração parcial lembra a do campesinato e do artesanato romanos, destruídos pelo afluxo dos produtos agrícolas ou dos objectos vindos da Sicília, do Egipto ou da Grécia. No caso dos operários americanos doa anos 1970/1990 podemos falar de empobrecimento relativo e por vezes absoluto.
(…)O prodigioso aumento dos rendimentos da parte superior da sociedade americana não pode explicar-se sem o recurso ao modelo imperial, tal como a estagnação ou o crescimento muito modesto de rendimentos da maior parte da população.” (pp. 78 a 81)
Sem comentários:
Enviar um comentário