Segredo
Pousei nas tuas mãos uma rosa rara
Deixei cair certa mentira pura e cara
A dura côdea que me sustem a alma
Morna jaze na concha da tua palma
Guarda bem esse pão que é meu tesouro
Afaga no teu regaço essa rosa minha dona
E dona minha te suspiro que silêncio é ouro
Urgência
Como se eu pudesse adivinhar entre as dobras da tua pele
Um coração que vê o mar e sente a brisa afagar-lhe o rosto
Como se as minhas mãos fossem água e a minha boca mel
Docemente a imergir até o ventre te estalar cheio de mosto
Estou dentro de ti, sem começo, permeio nem acabamento
Uma andorinha na busca eterna do sol a brilhar na tua alma
Serei em ti sempre nada mais do que a brisa dum momento
Um doce beijo no veludo do teu seio ao final da tarde calma
Festejo o calor do vento que te lambe o corpo a alma e as entranhas
A força do fantasioso ritmo que te entontece os pés e levita o desejo
Que tua boca amor reencontre fome de colher da andorinha um beijo
Do sangue vermelho surgem borboletas de todas as cores,
Como se o teu magenta fosse o branco eterno e completo,
Um Sol a desvendar em si o espectro do cabo além dores,
A Boa Esperança enfeitada por asas de cromático dialecto.
Não vejo drama na borboleta pousada no cerejo fontanário,
Nem a vergonha brota dos vulcões sob o leito onde se esvai,
Onde a coragem ordenou lavrar sobre a pele o seu glossário,
Sílabas de fogo guardadas pelos Deuses quando a noite cai.
Não pedem meu perdão as marcianas borboletas que o teu rio enfeitam,
Não escuto o prenúncio da azáfama sanguinosa dos abutres em festim,
Só ouço o mensageiro vento a passar por nossas vidas e à vida dizer sim.
...de novo me arrepio e me comovo; parece que a visualização em "local público" da poesia que guardo em mim lhe dá uma nova dimensão, quase mágica...
ResponderEliminar...E vejo-me em cada frase, cada verso, sinto-os em mim, porque a minha alma encontrou refugio e guarida na tua poesia.
Alento, meu alento poético
ResponderEliminarDoce açucar da minha alma
Iludes assim meu tormento que acalma
por um falso cromado, dialectico.