3/20/2013


ZIEGLER, Jean, O Ódio ao Ocidente, Lisboa: Círculo de Leitores, 2012 (ca. 328 pp. e 20 euros)


“Raramente na História os Ocidentais deram mostra de uma  tal cegueira, de um  tal desinteresse, de um tal cinismo como este que hoje demonstram. A sua ignorância das realidades é impressionante. E assim se alimenta o ódio.” (p. 297)

“A que se deve esta explosão dos preços das matérias-primas no mercado mundial? [No primeiro trimestre de 2008 o arroz aumentou no mercado mundial 59% e os preços do trigo, milho e milho miúdo em média 61% - Nota de Kriu]  A sua causa assenta no acumular dos efeitos de três estratégias, aplicadas pelos Ocidentais.

A 1ª é obra do FMI. Para conter a dívida externa acumulada dos  países ditos em via de desenvolvimento, o FMI impõe periodicamente aos mais pobres planos ditos de ajustamento estrutural. Na prática todos estes planos privilegiam a agricultura de exportação à custa das culturas alimentares. Por uma razão simples: só exportando algodão, soja, acúcar de cana, óleo de palma, café, cacau, etc. o país devedor poderá obter divisas. Ora nem os juros nem a amortização da dívida externa podem ser financiados em moeda local. Por isso há que procurar divisas seja como for. Deste ponto de vista o FMI funciona como guardião impiedoso dos interesses dos grandes  bancos de crédito das sociedades multinacionais ocidentais.

Ao mesmo tempo o FMI  contribui para aniquilar a agricultura alimentar em imensos países do sul. Onde crescem o algodão ou a cana de açúcar não crescem nem o arroz nem o milho miúdo ou a mandioca. (…)

A especulação desempenha um papel importante na subida brutal dos preços (…) oito ou nove sociedades ocidentais controlam hoje o essencial do mercado mundial dos bens alimentares.
(…)


A 3º estratégia em causa é a que implica a conversão maciça dos alimentos de base em agrocombustíveis, sob pretexto de luta contra as alterações climatéricas. (…) para encher o depósito de um automóvel médio que funcione a bioetanol são queimados 358 kg de milho e 358 kg de milho são suficientes para garanir a vida de uma criança do  Méxivo ou da Zâmbia (onde o milho é a base de alimentação) durante todo o ano. As sociedades agroalimentares ocidentais realizam lucros astronómicos com o biodiesel e o bioetamol. E que rebentem os pobres da metade do sul do planeta (pp. 297 a 300)

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