12/17/2012


KRUGMAN, Paul, Acabem Com Esta Crise – Já!. Lisboa, Presença: 2012 (Ca. 247 pp. e 15 Euros) *


“a sabedoria convencional entre aqueles a que alguns de nós chamavam sarcasticamente, Pessoas Muito Sérias pôs completamente de lado a máxima central de Keynes: «A altura certa para a austeridade é em tempo de fartura e não de recessão.» Agora é a altura certa de o governo gastar mais, e não menos, até que o setor privado esteja pronto para voltar a fazer singrar a economia – mas as políticas de austeridade e de destruição do emprego tornaram-se entretanto na norma”  (p. 13)



“E as pessoas (…) que sabiamente declaram que os nossos problemas estão profundamente enraízados e que não há nenhuma solução fácil, que precisamos de nos adaptar todos a um panorama mais austero  soam-nos sensatas e realistas, apesar de estarem absolutamente erradas.” (…) “pôr fim a esta depressão seria uma experiência de alívio para praticamente toda a gente, exceto para quem investiu política, emotiva e profissionalmente em doutrinas económicas irracionais. “ (p. 35)



“Se examinarmos aquilo que os austerianos [adeptos da austeridade - nota de Kriu] querem – uma política orçamental concentrada nos défices e não na criação de emprego (…)  tudo isso serve, com efeito, os interesses dos credores, daqueles que emprestam dinheiro por oposição àqueles que contraem os empréstimos/e ou trabalham para ganhar a vida. Aqueles que emprestam dinheiro querem que os governos tenham como sua maior prioridade honrar as suas dívidas e opoêm-se a qualquer ação monetária que prive os banqueiros de retornos (…).


Por último perdura uma urgência constante de transformar a crise económinca numa peça de moralidade, num conto em que a depressão é a consequência necessária de pecados anteriores que não devem ser atenuados. (…) especialmente (…) os banqueiros centrais e outros dirigentes financeiros, cujo sentimento de autoestima se encontra entrelaçado com a ideia de serem os adultos que dizem «não».
O problema é que na situação atual, insistir em perpetuar o sofrimento não é a forma madura e adulta de resolver as coisas. É infantil (julgar uma política pelos sentimentos e não pelos atos) e destrutiva.

(…) pôr dinheiro nas mãos das pessoas em situações aflitivas e haverá uma boa hipótese de que o gastem, que é exatamente aquilo que precisamos que aconteça.

(…) como poderemos mudar de rumo? Será este o assunto a abordar (...) neste livro. (p. 217)

* laureado com o Premio Nobel

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