9/18/2012


PIMENTEL, Irene Flunser.  A Cada Um o Seu Lugar. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011 (ca.455 pp. 20 Euros)


”Desejoso de destruir a influência “ jacobina” do professorado republicano, o Estado Novo foi degradando o estatuto socioprofissional dos docentes. Prosseguiu aliás, a política já seguida pela Ditadura Militar que,  em 1931, criara nomeadamente a figura dos regentes escolares que, na sua grande maioria mulheres, que eram quase analfabetas e recrutadas segundo o quase exclusivo critério de « idoneidade moral»  (P.128)


“Mas á tão apregoada exaltação da mãe continuava a não corresponder medidas estatais de assistência materno-infantil (...) o desemprego continuava também sempre latente com o seu rol de consequências, entre as quais se contavam a miséria e as migrações internas. (...)
Em 12 de novembro de 1964 uma mãe de Marteleira ( Mafra) mostrava –se «aborrecida» pela falta de dinheiro para « comprar um centilho de azeite para temperar as couves» e lamentava que os filhos fossem em jejum para a escola. (P.324)

 A menina dorme com o irmão de dois anos numa enxerga feita de dois sacos de serapilheira, no chão, um com dez anos dorme num divã e eu, minha mulher e mais dois filhos de três e cinco anos numa cama. Só tenho uma manta a mais que tiro da minha para pôr nas crianças.
Carta de um pai em 17 de novembro de 1961 á “ Obra das Mães pela Educação Nacional.

 “A principal atividade da OMEN era o controlo político, social, e moral das familias numerosas, através de prémios que permitiam às dirigentes da OMEN (...) uma intromissão no seio do espaço privado familiar”.  (P.322)

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