PIMENTEL, Irene
Flunser. A Cada Um o Seu Lugar. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011 (ca.455
pp. 20 Euros)
”Desejoso de destruir a
influência “ jacobina” do professorado republicano, o Estado Novo foi degradando
o estatuto socioprofissional dos docentes. Prosseguiu aliás, a política já
seguida pela Ditadura Militar que, em
1931, criara nomeadamente a figura dos regentes escolares que, na sua grande
maioria mulheres, que eram quase analfabetas e recrutadas segundo o quase
exclusivo critério de « idoneidade moral»
(P.128)
“Mas
á tão apregoada exaltação da mãe continuava a não corresponder medidas estatais
de assistência materno-infantil (...) o desemprego continuava também sempre
latente com o seu rol de consequências, entre as quais se contavam a miséria e
as migrações internas. (...)
Em
12 de novembro de 1964 uma mãe de Marteleira ( Mafra) mostrava –se «aborrecida»
pela falta de dinheiro para « comprar um centilho de azeite para temperar as
couves» e lamentava que os filhos fossem em jejum para a escola. (P.324)
A menina dorme com o irmão de dois anos numa
enxerga feita de dois sacos de serapilheira, no chão, um com dez anos dorme num
divã e eu, minha mulher e mais dois filhos de três e cinco anos numa cama. Só
tenho uma manta a mais que tiro da minha para pôr nas crianças.
Carta
de um pai em 17 de novembro de 1961 á “ Obra das Mães pela Educação Nacional.
“A principal atividade da OMEN era o controlo
político, social, e moral das familias numerosas, através de prémios que
permitiam às dirigentes da OMEN (...) uma intromissão no seio do espaço privado
familiar”. (P.322)
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