4/11/2011

DESTAQUE  O caso da Islandia

"Mais uma vez os islandeses dizem NÃO!",  por Manuel Augusto Araújo



(...)  Os islandeses dizem novamente NÃO a um pagamento negociado com ingleses e holandeses em que estes, na mira de recuperarem algum já tinham aceite a desindexação da coroa islandesa do euro o que, com a desvalorização da coroa, representava o contentarem-se em receber menos 40% do começaram por exigir, com a arrogância normal do grande capital. Perdida essa batalha, foram aceitando novas formas, juro fixo, e prazos de pagamento, quinze anos. Mesmo assim o que estava a ser referendado correspondia a que cada família islandesa pagasse 150 euros por mês, durante quinze anos.



O escândalo é exigir a um Estado, aos seus cidadãos contribuintes, que paguem as dívidas de um banco privado que se estabeleceu em Inglaterra e Holanda, com o acordo desses países e que, de especulação em especulação, foi á bancarrota. Quem é que devia fiscalizar as actividades desse banco? O governo da Islândia, claro nas actividades feitas no seu território. As entidades reguladoras inglesas e holandesas, nos negócios feitos nos seus países. Sabemos como essas coisas acontecem, não nos esquecemos do regulador Victor Constâncio e dos casos BPN e BPP. Conhecemos isso de ginjeira, nem nos admiramos se o banco tinha notação AAA, atribuído pelas célebres agências de ratting, como tinha o Lehmann Brothers em vésperas de falir.


(...)


As intimidações continuaram, vão continuar, cercando esse pequeno país. O FMI do primeiro NÃO afirmava que não os ia “ajudar”. Ajuda do FMI? Os islandeses devem achar que isso é uma boa piada e mandaram borda fora o governo de direita que se preparava para pedir a intervenção do FMI.

(...)


Queria a Comissão Europeia que a Islândia se submetesse a uma lei feita por medida e meses depois dos acontecimentos, para obrigar os contribuintes islandeses a pagar a especulação de um banco privado.
(...)


Os islandeses é que continuam irredutíveis. Durante toda a semana foram bombardeados pelas virtudes do novo acordo, pelas virtudes de, se o aceitassem, poder aderir à EU. Alvejados com sondagens que davam a vitória certa do sim. Só quase à boca das urnas é que as sondagens colocaram a hipótese de um empate. O resultado até agora conhecido, não foi como o do anterior referendo com a vitória do NÃO a alcançar 94 %. Mesmo com os panos quentes de condições mais favoráveis, a amplificação das ameaças, a manipulação informativa,mais uma vez, os islandeses, mais uma vez, não cederam.

 
Os analistas, (...) calculam que a recuperação económica da Islândia vá ser mais complicada e que patati, patata, isto quando até o FMI parece rendido às evidências. A Islândia, depois de estar á beira da bancarrota, tem boas perspectivas de crescimento, dizem os institutos ocidentais.

Por cá (...)
O FEEF/FMI é a Nossa de Fátima dos pastorinhos acantonados nos partidos que são os garantes dos burocratas de Bruxelas, a quem a Sra. Merkel puxa as orelhas, e das sumidades tecnocráticas fechadas nos seus gabinetes onde correm como baratas tontas e batem nos vidros como moscas atarantadas enquanto a realidade está lá fora, sempre em movimento.


Com gente desta pode-se mudar de governação, nunca se mudará de política.



O EXEMPLO DA ISLÂNDIA


por Lourdes Beneria [*] e  Carmen Sarasua [**]

Tradução de Guilherme Coelho


[*] Professora de Economia na Universidade Cornell.

[**] Professora de História Económica na Universidade Autónoma de Barcelona.


(...) Se tivéssemos noções claras do que é um crime económico e se houvesse mecanismos para os investigar e processar poderiam ter sido evitados muitos dos problemas actuais. Não é utopia. A Islândia oferece um exemplo interessante. Em vez de socorrer os banqueiros que arruinaram o país em 2008, os promotores abriram um inquérito criminal contra os responsáveis. Em 2009, todo o governo teve que se demitir e o pagamento da dívida da banca foi bloqueado. A Islândia não socializou os prejuízos como estão fazendo muitos países, incluindo Espanha, mas aceitou que os responsáveis fossem punidos e os seus bancos falissem.


Da mesma forma como foram criadas instituições e procedimentos para julgar os crimes políticos contra a humanidade, é hora de fazer o mesmo com os económicos. Este é um bom momento, dada a sua existência difícil de refutar. É urgente que a noção de "crime económico" seja incorporada ao discurso da cidadania e se compreenda a sua importância para a construção da democracia política e económica. Pelo menos vamos ver a necessidade de regular os mercados, para que, como diz Polanyi, estejam ao serviço da sociedade, e não vice-versa.
(original em www.elpais.com/)





29/Março/2011






































2 comentários:

  1. A visão de crime contra a econonomia, teria de ser alargada, em primeiro lugar aos bancos centrais, e à forma como geram artificialmente dinheiro, e como deixam que outros especulem com esse instrumento que é público, e de todos nós, seguidamente à forma, assaz arbitrária, como os bancos privados estabelecem a Euribor, que cresce à medida dos iates dos seus gananciosos administradores, depois devia-se estender aos limites de taxas de juros sobre juros, em cartões de crédito e quejandos, autêntica usura, já banalizada, como fora a sangria como meio terapêutico na Idade Média, seguidamente temos de perceber para que servem as off-shore, e como aí se transaccionam milhões em fraude à Lei, à Constituição Financeira, e ao Estado Social, começando, desde logo, pela abolição, pura e simples, e imediata, do segredo bancário, autêntico véu da pulhice financeira, da fraude, e do tráfico, dos roubos, pequenos e grandes a empresas e famílias, e de incofessáveis especulações, e a propósito, tornar as dívidas soberanas, como públicas que são, como coisas fora do mercado, pois, por este caminho, depois de privatizarem a própria água que bebemos, como quer o FMI, e o Coelho, ainda privatizam, se é que já não privatizaram, a Assembleia da República, e passamos a ser geridos pelo Belmiro, e pelo Américo, e a ser esmifrados, até aos ossos, à imagem e semelhança dos seus exércitos de escravos. Por fim, não pagar, ou indemnizar, os ladrões dos banqueiros, autêntico bando de criminosos, que deviam ser perseguidos, expropriados, chipados, banidos da actividade economica, e mesmo, em casos extremos, serem lobotomizados, concordo!, são verdadeiros criminosos contra a Humanidade, e deviam ser exemplarmente punidos..., pena é que tenham os políticos e os exércitos todos na mão, e nos façam a todos de tolos, porque confiámos nesta democracia semântica e intrujona, em que os partidos são um elemento de engano por si só, desde logo o PSD, não é social democrata, é de da direita liberal, o CDS é cristão só por conveniência, mas não tem valores, a não ser o da segregação social, o do classismo provinciano, das tradições do respeitinho, e da caridadezinha, o PS, nem social democrata é, trata-se dum partido de direita, demo-liberal, com um programa de liberalização gradual, e terminação a prazo do Estado Social, baseado numa pseudo-meritocracia, emprega muitos boys, e ainda mais girls, que falam muito e nada dizem, para além de vincarem manipulatoriamente a voz do dono, el Kapital, o PCP, é um partido sem identidade, que podia ser descrito melhor, como a quadratura do circulo, serve a direita e os demo-liberais, e pretende ser contra, mas no fundo tem inveja dos seus domínios, é um partido de invejosos, e de incompetentes, que se acontonou em aparelhos do poder local, onde tem capas de clientelas, de autênticas lapas acéfalas, e obedientes, fala-baratos ignorantes e bota-abaixo, quanto ao Bloco, pois, só me ocorre um epíteto, são o PS aos saltos, ocorrem oportunisticamente,ainda mais do que o próprio PS, aplicam sem dó, nem piedade, as mais aleivosas retóricas e tacticas políticas, tanto que chegam a morder os próprios pés, só para mostrar que, na verdade, estão com os que caminham descalços, e não passam dum bando de hipócritas, em roda livre, que se fossem governo, iam deixar tudo como está, e infiltrar um aparelho clientelar e de bufaria, sem precedentes, para mim só há um partido, é o Povo Unido, que se una e corra com esta choldra ignóbil, pelo nosso Pão, e pelo nosso Chão...

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  2. Claro, mas o "Povo Unido" não existe em abstracto e, no concreto, significa associações, partidos (estes ou outros) comissões de quarteirão, representantes das diversas produções, etc., etc. Em nome do "povo unido" - e esse o perigo - temos visto actuar coleções de ditadores. Portanto, em democracia existem representantes do "Povo Unido", única forma de sabermos quem é o "Povo Unido". Ou já alguma vez se encontrou o Sr "Povo Unido" no cinema ou no café?.... Enfim, é o preço da democracia, mesmo que haja partidos e associações que enfim, mais valia que... Mas que fazer? Se os exterminamos, deitamos fora também a democracia! Mas podem, isso sim, os partidos por exemplo, ser sujeitos a regras de completa subserviência ao Estado, em vez de servirem para que os militantes se sirvam Dele!

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