Pintura que desperta
O olhar. Ou perdido algures no cosmos ou confrontando-nos e em todo o caso olhando.
As figuras olham e por isso interrogam. Daí a perplexidade que se instala ao ver as pinturas de Teresa Cabral.
Os tons escuros ajudariam a uma hipotética calma do olhar se esse mesmo olhar não interrogasse a azul calmaria. E em todo o caso assaz turva.
Na mesma sala onde se exibe a pintura (óleos) um vídeo mostra também crianças e adultos num workshop. Se a instalação pareceria à primeira vista inoportuna num tal contexto, num segundo tempo complementa-a: as figuras de Teresa Cabral olham como crianças. Num outro pólo lembra Paula Rego. Boa companhia.
Duas telas figuram animais – uma ovelha e dois répteis. Mas ainda aqui é do olhar que se trata: do ver Outro e por Outro.
A pintura de T.C torna-nos mais lúcidos.
E desperta.
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