PINTO, António Mendonça, Economia Portuguesa, Melhor é Possível, Coimbra, ed. Almedina, 2007
“Agora ao iniciar-se um novo ciclo de aproveitamento de fundos comunitários, a orientação estratégica e operacional tem de ser claramente diferente (…) porque é preciso investir a sério no conhecimento, na ciência, na inovação e na tecnologia em consonância com a Estatégia de Lisboa” (p.109)
“Por sua vez a perigosidade da ideia de inexistência de alternativa de política vem, essencialmente, do desinteresse dos cidadãos pela política, para o que também contribui o fechamento dos partidos e a atrofiamento da comunicação social. Exagerando um pouco para se perceber melhor, de facto, os partidos políticos mais relevantes fecharam-se bastante em si próprios e subalternizaram os valores e as ideologias em favor da conquista pragmática do poder, nomeadamente para benefício de alguns membros e simpatizantes, sendo cada vez menos centros de discussão e preparação de políticas públicas para apresentação ao governo ou à Assembleia da República. Em consonância com esta evolução partidária, a (maior parte da) comunicação social também se ocupa cada vez mais com o acessório (…). Nestas circunstâncias não admira que vá minguando o debate político, crescendo a despolitização, diminuindo a confiança nos agentes políticos e alastrando a ideia de que não há alternativas de política, o que é perigoso porque reduz a discussão pública dos problemas, leva a pensar que tanto faz votar PS ou no PSD (…) e ajuda a desculpar os responsáveis políticos pelas fracos resultados obtidos. (…) mesmo que o Governo disponha de maioria parlamentar as medidas mais importantes deveriam ser sempre precedidas de debate político que envolvesse e motivasse a população, sob pena de correrem o risco de terem uma base social de apoio reduzida, ou de servirem interesses específicos em vez do interesse geral.
(...) Precisamos de um projecto de desenvolvimento mobilizador e de reconstruir a ideia e a confiança de que é melhor é possível [sublinhado do autor]. Para o efeito o crescimento da economia tem de ser a prioridade de topo da política económica. Sem abandonarmos o combate ao défice orçamental, o Governo deve substituir, ao nível da discurso e da prática, a política depressiva do défice pela política animadora do crescimento económico, mesmo que não se saiba ainda muito bem o que realmente o determina e como o influenciar eficazmente. (…) A julgar pelos resultados não tem havido suficiente capacidade de motivação dos empresários e sem a iniciativa empresarial a economia não se desenvolve.
(...) Temos planos e programas a mais e estratégia a menos, politicas demasiado dispersas e genéricas quando deviam ser mais articuladas e focadas nas prioridades principais.” (p. 332,3)
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