POR UM MUNDO MELHOR!
Um homem pôs na rua um cão atado a um casinhoto em ruína.
O cão está assim há quanto tempo?
O homem lá o pôs, atado a um casinhoto em ruína, mesmo frente a um infantário donde meninos e meninas olham o cão preso mas... que mal faz?
Os meninos e meninas são de um bairro pobre e que impressão lhes pode fazer um cão atado ao frio e chuva e cada vez mais entravado pelo reumatismo?
Meninos e meninas pobres sentem como os outros?
Se fosse em Lisboa, na Baixa-Chiado, na Rua Augusta, por exemplo, isso sim, faria impressão e a polícia logo iria saber quem assim prendera o bicho... (Ou eu posso também descer à minha rua e atar um cão a um poste, deixando-o apodrecer à vista de todos?) Mas é num bairro pobre e repito: meninos e meninas pobres sentem? Ou até será bom que aprendam a sentir? Como suportariam depois a própria pobreza? Não. É mesmo melhor que essa gente, já em criança, endureça e nada mais útil que ver, mesmo à porta do seu infantário, um cão paralisado pelo desprezo, frio e chuva. Assim, quem sabe se, habituados a depararem com o sofrimento todos os dias, não se tornarão assassinos e assassinas mais facilmente? Sim, ver um cão apodrecer vivo é um bom ensinamento! E a gente precisa é de um mundo duro! Aliás, porque não pormos por todo o lado cães definhando, amarrados a postes? Ou à torreira do sol? Porque de um sem-abrigo se pode sempre dizer que foi ele próprio que escorregou p'á sarjeta... Mas de um cão atado por um homem a um destino nojento? Uma cena assim não é sublime?
E quanto tempo vive um cão? Quinze anos! Bravo! O espetáculo promete!
Bom, o mundo é mauzinho e pode ser que, afinal, o show não dure sempre: então, acorramos depressa a Cocena, no Seixal, e levemos já os nossos filhos a ver o desgraçado cão, para que os corações se lhes endureça, porque aquilo, sim, é lição!
Por nada deste mundo deixemos, que apenas meninos e meninas pobres possam ter, mesmo em frente ao seu infantário um cão apodrecendo ao frio e à chuva!
Viva o mal!
Viva o exemplo!
Por um mundo melhor!
Autores do espectáculo:
- Câmara Municipal do Seixal
Sector de Saúde Pública Veterinária
Tel. 21 0976206; Fax. 21 0976207; Ext. 5942
canil.gatil@cm-seixal.pt
(nada faz para retirar o cão)
- Divisão da Polícia de Segurança Pública de Setúbal
T. 265522022
divstb.setubal@psp.pt
(permite o espetáculo)
- Santa Casa da Misericordia do Seixal – Infantário do Centro Comunitário da Cocena
T. 212273220
(contribui com a sua indiferença)
- Cidadão que lá pôs o cão ( distinguido por serviços prestados à cardiologia?)
... e Você, claro, Leitor (a) que lê isto e... envia este mail:
Exmºs Senhores,
Em nome da boa formação das crianças deste País, aplaudo a morte lenta de um cão mesmo frente ao infantário da Quinta da Cocena, gerido pela Santa Casa da Misericórdia do Seixal.
O exemplo de um ser vivo amarrado ao frio, à chuva ou à torreira do sol, deve ser disseminado por todo o país, sobretudo onde possa ser admirado pelos olhares perigosamente sensíveis de crianças.
Viva o mal!
Viva a boa formação!
(Assine e envie para:)
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