nunca foi o corpo
Nada correu como o previsto.
Quando cheguei, não sabia de ti.
Procurei-te até à exaustão nos lugares e nas pessoas do costume.
Ninguém sabia o teu nome e eu não estava seguro do nome que sabia.
Agora, procuro-te em corpos tão cansados como o meu.
No fim, quando a respiração abranda, descubro que nada encontrei.
Em ti não era o corpo.
Nunca foi o corpo.
Pela minha cama passaram corpos mais empenhados.
Pela minha cama passaram corpos mais absolutos.
Não deixaram quaisquer vestígios.
Apenas uma vaga noção de comparações.
Tentaste. Tu tentaste. O corpo nunca foi o teu forte.
Fora do teu corpo, estão os teus olhos. E as tuas mãos.
As tuas mãos estiveram sempre perto. Ainda as sinto.
Cada vez me lembro menos dos olhos.
O que eu não consigo esquecer é como eles sempre me viram tão feliz.
Destes e doutros dias, tenho-os todos numa mão.
Mas deixo cair alguns. Apanho-os um a um.
Encontro-te nalguns dos mais luminosos que estão no chão.
É nesses dias que encho o coração.
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