VASSEUR, Nadine, Eu não lhe disse que estava a escrever este livro, Filhos de Sobreviventes do Holocausto Testemunham, Colares, ed. Pedra da Lua, 2008 (158 pp. ca.15 euros)
“Há alguns anos o meu pai disse-nos que era lá [no campo de concentração nazi de Auschwitz - N. de Kriu] que ele queria acabar.(…) Ao exprimir esse desejo o que ele revela é obviamente que Auschwitz foi central na sua vida. (…)
Tive sempre o sentimento de que o meu pai morreu uma primeira vez. Que era um ressuscitado. Que ele queira acabar lá, é coerente. Por muito sedento de futuro que tenha sido, o que ele finalmente nos lega é que não é possível arrancar-se ao passado, à sua história.” (Marc Pepelman, p.36)
“O que é que no seu comportamento lhe parece herdado da história do pai? Uma certa forma de dureza, sem dúvida. (…) O meu pai e a minha mãe encontraram-se em 1945, à saída daquela experiência e o casal construiu-se na recusa do afectivo, ou antes, em mantê-lo a certa distância. Algo do afectivo se tornara impossível. Três dias depois do enterro da minha mãe, há um ano, o meu pai confidenciou-me que eles só tinham conseguido dizer “amo-te” duas semanas antes, no seu leito de agonia. Em cinquenta anos de casamento, era a primeira vez que eles diziam “amo-te”. Quase nunca se beijaram.” (p.57)
“Porque aceitei testemunhar neste livro? (…) Porque é importante que se saiba que esta história não terminou e que é necessário estar atento ao que se preparara para o futuro. (…) Porque infelizmente a Humanidade terá sempre outros meios de matar. Porque é importante guardar a memória do que se passou. Não para os judeus. Para a Humanidade”. (Yves Khan, p.61)
“Entrei na única câmara de gás que foi conservada e tentei imaginar o que minha avó sentira antes de lá morrer. Leva tempo a morrer numa câmara de gás, demora pelo menos dez minutos.” (Dany Choukrow, p.105)
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