9/10/2008

ALTERNATIVA 10

BOVE, J. e DUFOUR, F, O Mundo Não É Uma Mercadoria – Camponeses Contra a Comida Ruim - Entrevistas a Gilles Lumeau - São Paulo, Editora Unesp, 2001. (Ca. 255 pp. e 16 euros)
JB: “Na agricultura [os transgénicos - N. de Kriu] só servem para resolver, mal e perigosamente, os problemas colocados pelo produtivismo, em particular os da monocultura que concentra parasitas (insectos e ervas daninhas) que os pesticidas não conseguem combater. É assim que se introduz no cromossomo do milho um gene de um organismo naturalmente insecticida (…) Quando uma lagarta devora o milho ela morre de imediato.
(…) o pesticida não desaparece assim tão facilmente das sementes: no caso do nosso milho, os insectos predadores de uma borboleta, cuja lagarta devora os pés de milho, também ingerem o veneno. Os pesticidas acumulam-se e concentram-se na cadeia alimentar. O homem é o grande animal no fim dela.
(…) No Brasil verificou-se um aumento de alergias à soja com o aumento de soja transgénica.
(…) Última preocupação: ratos de laboratório que comeram baratas transgénicas sofrem de problemas imunológicos graves (…) nenhum estudo foi feito para analisar a acumulação na cadeia alimentar de substâncias tóxicas
(…) Esses riscos de “bola de neve” não foram avaliados. (p.120)

GL: Mas esses transgénicos não foram testados antes da sua comercialização?
JB: As grandes empresas de sementes e farmacêuticas apostaram na política do facto consumado: tornam os transgénicos inevitáveis a partir do momento em que estiverem já disseminados na cadeia alimentar e no meio ambiente (particularmente através dos produtos importados, como a soja e o milho provenientes dos Estados Unidos e da América do Sul.) E estão a obter regulamentos minimalistas por parte dos Estados.
Estamos convencidos de que se levássemos em conta os custos de avaliação (o que seria indispensável) dos efeitos transgénicos na cadeia alimentar e no meio ambiente – custos muito altos pois essa avaliação pode levar cinco a dez anos – constataríamos que esses produtos não são rentáveis.
(…) As empresas agroquímicas fizeram que os transgénicos fossem classificados como produtos fitossanitários com o fim de impedir que a sua imagem apareça como insuportável ao consumidor e de evitar mais um entrave administrativo à sua inserção no mercado” (p.121)

Dez princípios da agricultura camponesa
(Resumo)
1. Repartir os volumes da produção no intuito de permitir à maioria o acesso à profissão e viver dela.
2. Ser solidário com outros camponeses de outras regiões
3. Respeitar a natureza.
4. Valorizar os recursos abundantes e economizar os recursos parcos.
5. Buscar a transparência no acto da compra, da produção, da transformação e venda de produtos agrícolas.
6. Assegurar a boa qualidade gustativa e sanitária dos produtos.
7. Visar ao máximo de autonomia no funcionamento das unidades agrícolas.
8. Buscar parcerias com outros actores do mundo rural.
9. Manter a diversidade das populações animais e das variedades vegetais.
10. Raciocinar sempre a longo prazo e de maneira geral.










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