8/06/2008

ARTE 9


ARNHEIM,Rudolph, O Poder do Centro, Lisboa, ed. 70, s.d.

“Ao observar as realizações das artes ao longo dos tempos como uma tentativa colectiva da humanidade por explorar os modos incessantemente variáveis de dar forma a uma coisa – a Arte – convenci-me cada vez mais de que a composição, em qualquer estilo ou meio, deriva da intersecção de dois princípios visuais a que agora chamo os sistemas centricos e excêntricos” (p.12)

“Psicologicamente, a tendência centrica representa a atitude autocentrica que caracteriza a perspectiva e a motivação humanas (…) A criança vê-se a si própria como cento do mundo. (…) Muito cedo, contudo, o indivíduo ou grupo centrado em si próprio é compelido a reconhecer que o seu próprio centro é apenas um centro entre outros (…) Esta visão do mundo mais realista, complementa a tendencia centrica com a excêntrica (…) A tensão entre as duas tendências antagónicas tentando encontrar o equilíbrio, constitui o verdadeiro condimento da experiência humana e qualquer manifestação estética que não consiga responder a esse desafio parecer-nos-à deficiente. (pp.18,19)

“A moldura é a base em que está assente a composição de uma pintura. (…) a estrutura vazia estabelece o seu próprio centro simplesmente através da interacção dinâmica dos seus quatro lados (…) Este centro de estrutura é também o centro da composição, no sentido em que todos os pesos das formas e cores organizados pelo pintor se equilibram à volta do meio. Terá necessariamente de ser assim? Será o artista compelido a equilibrar a sua composição ou é livre de não o fazer? A resposta é, creio eu, que o equilíbrio é necessário para fazer que a afirmação do artista seja definitiva. Se a composição estiver desequilibrada, surgirá como um movimento interrompido, uma acção paralisada no seu trajecto em direcção ao estado de repouso. De forma semelhante ao que os músicos chamam a meia cadencia, tal estado intermédio fará o observador sentir que a solução necessária está ali próxima mas não foi verdadeiramente alcançada. Assim, se o artista desejar que o seu trabalho transmita preferencialmente a sua própria mensagem, em vez de estimular simplesmente o observador a encetar aquela actividade própria, a composição terá de ser equilibrada".

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